São Paulo, domingo, 17 de março de 2002

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A ZONA MORTA

Livro de Stephen King vai virar série

Michael Piller, que modernizou "Jornada nas Estrelas", pilota a adaptação, que tem custo de cerca de US$ 1 milhão por episódio

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os apreciadores de terror e suspense já têm seu programa favorito na próxima temporada televisiva norte-americana: "The Dead Zone". A série nem estreou, mas já conta com um grupo fervoroso de fãs -os seguidores do escritor Stephen King.
"The Dead Zone", baseada no livro homônimo, conta a história de um jovem chamado Johnny Smith, que passou seis anos em coma após um acidente de automóvel. Quando acorda, ele descobre que tem um novo poder -quando ele toca as pessoas, pode ver rápidos lances do futuro ou do passado delas. Os médicos, entretanto, dizem que são apenas alucinações, causadas por uma parte dormente de seu cérebro, a "zona morta". Agora ele tem apenas o apoio de sua namorada, Sarah, para restaurar a normalidade em sua vida.
A série foi originalmente concebida para ser um programa "reserva" da rede norte-americana UPN e só entraria na temporada atual caso um dos "titulares" não tivesse boa audiência.
A UPN encomendou um piloto, mas acabou não levando à frente a produção da série, o que possibilitou ao canal a cabo USA Network assumir a empreitada, a mais cara de sua história, com cada episódio orçado em cerca de US$ 1 milhão. Além do piloto, já pronto, estão encomendados outros 22 capítulos.
O responsável pela adaptação é o produtor e escritor Michael Piller. Se o respeito à obra for importante para o sucesso do programa, Piller é o homem ideal. Ele articulou o rejuvenescimento da franquia "Jornada nas Estrelas" quando entrou para a equipe da série "A Nova Geração", em 1989. E é co-criador das séries subsequentes "Deep Space Nine" e "Voyager". Seu lema sempre foi introduzir elementos criativos, mas respeitando as regras do criador da série original, Gene Roddenberry.
Piller acha que conseguirá fazer a mesma coisa com "The Dead Zone". "Tenho um palpite que os fãs de Stephen King ficarão satisfeitos", disse ele ao TV Folha. "Eu tentei me colocar na posição deles do mesmo modo que fiz quando estava trabalhando em "Jornada'; sabia que os fãs de Roddenberry eram exigentes."
Para ele, a fórmula para o sucesso é simples: "Acho que o segredo é ser fiel às intenções originais de King para o personagem Johnny Smith". O escritor pensou até em pegar o fio da meada onde o filme de mesmo nome (dirigido por David Cronenberg, em 1983) parou, mas achou que isso restringiria suas possibilidades. "Eu queria fazer algo singular para televisão."
Na nova versão televisiva, Johnny Smith é interpretado por Anthony Michael Hall, que ficou famoso com aparições no "Saturday Night Live". Apesar de sua veia cômica, Piller afirma que o ator foi a escolha ideal: "Ele é Johnny Smith".
Apesar de ter sido um livro com uma única história e depois um filme, Piller não acredita que terá dificuldade para contar uma história por semana. "Temos estudado possíveis enredos por dois meses e a gama de histórias deixa claro que podemos seguir para sempre com essa premissa", diz Piller. "Eu disse aos roteiristas para virem às reuniões para, literalmente, pensar fora da caixa, porque eu não quero fazer televisão tradicional e tenho sido recompensado com algumas idéias clássicas para episódios."
Não é apenas Michael Piller que veio do mundo de "Jornada nas Estrelas" para "The Dead Zone". Nicole deBoer (atriz que interpreta Sarah) é conhecida dos fãs da ficção científica como a alienígena Ezri Dax, de "Deep Space Nine".
Além disso, Piller trouxe outros colegas para a equipe de criação, como Joe Menosky e Michael Taylor, que participaram de "Jornada" e "Voyager". "Joe escreveu um episódio ótimo sobre Johnny se apaixonando por uma garota que ele só vê numa visão de um lugar distante de muito tempo atrás", diz Piller.
A produção dos episódios regulares está começando neste mês, em Vancouver (Canadá). O programa é produzido pela produtora de Piller e de seu filho Shawn, a Piller Squared, e tem estréia marcada para setembro, nos EUA. Embora o USA Network tenha um canal veiculado no Brasil, ainda não há perspectiva concreta de exibição da série por aqui.



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