São Paulo, domingo, 17 de maio de 1998

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MUNDIAL DA FRANÇA
Record vai transmitir a Copa 98


Emissora venceu batalha judicial e readquiriu direito de transmitir os jogos do Mundial da França


RUI DANTAS
da Reportagem Local

A Record venceu a batalha judicial e vai transmitir a Copa do Mundo da França, que ocorre a partir do dia 10 de junho.
A emissora quase perdeu o direito de exibir os jogos da Copa 98. A disputa pela exibição do campeonato remonta ao ano de 1990, quando a emissora deixou de pagar a anuidade de filiação à OTI.
A OTI (Organização da Televisão Ibero-Americana), uma entidade com sede no México, comprou em 87 os direitos de venda dos mundiais de 90, 94 e 98 para a América Latina.
Essa entidade, sem fins lucrativos, é composta por sócias -as emissoras- de países latino-americanos, inclusive o Brasil.
Das TVs brasileiras, são suas sócias a Globo, a Record, a Manchete, a Bandeirantes e o SBT. Todas elas transmitirão a Copa.
Nos anos de 90 e 91, a Record deixou de pagar essas anuidades, no valor total de US$ 50 mil. Naquela época, a rede estava sendo vendida à Igreja Universal do Reino de Deus em estado de falimentar.
Em 92, já saneada, a emissora pagou os valores que devia à OTI.
Se valendo dos atrasos na anuidade, as outras quatro redes brasileiras exigiram que a OTI proibisse a Record de exibir o mundial.
A OTI lavou as mãos, deixando a decisão para a Justiça brasileira. A Record entrou na Justiça, em março de 97, pedindo a queda da proibição. A emissora se baseou em uma norma do estatuto da OTI.
Pela regra, a Record só seria proibida de exibir a Copa se estivesse inadimplente no ano da compra dos direitos pela OTI. O ano da compra foi 87.
Em 18 de março de 98, o Tribunal de Justiça de São Paulo deu ganho de causa à Record. No dia 8 de maio, a Justiça mexicana reiterou a vitória judicial.
Como há pouco tempo para negociar as quatro cotas publicitárias que tem, a emissora decidiu reduzir o valor de seus anúncios -de US$ 8,5 millhões para US$ 3,5 milhões cada cota. A Record vai postular na Justiça a diferença de US$ 20 milhões das outras emissoras brasileiras filiadas à OTI.
A transmissão da Copa 98 exigia também o rateio, por parte das cinco emissoras, de cotas de participação -US$ 1,5 milhão para cada uma das redes.
Para garantir a exclusão da Record, as quatro emissoras pagaram a parte da emissora à OTI. A Record decidiu pagar cinco parcelas de sua cota em juízo.
Para garantir um "staff" na Copa, a emissora credenciou antecipadamente seus principais repórteres e apresentadores por meio da Rádio Record, que é do grupo.
Sem saber se a decisão da Justiça mexicana sairia a tempo, a rede aventou a possibilidade de transmitir os jogos via África.
A Record é dona de uma emissora na África do Sul, que garantira os direitos de transmissão da Copa 98. Caso perdesse judicialmente, a Record transmitiria de lá, por satélite.
"Eu era contra essa medida. Acho que seria melhor não transmitirmos a Copa", afirmou o diretor de programação da Record Eduardo Lafon, 50.



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