São Paulo, Domingo, 19 de Setembro de 1999
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"Terra Nostra", superprodução da Globo para a faixa das oito, estréia amanhã com cenas rodadas em um navio inglês e inspiradas em "Titanic"
E La Nave... Va!

Alexandre Campbell/Folha Imagem
Thiago Lacerda e Ana Paula Arósio, o casal de protagonistas de "Terra Nostra", a nova novela das oito da Globo, que estréia amanhã


ALEXANDRE MARON
da Reportagem Local

Você já viu essa história antes. Com a estréia de "Terra Nostra" amanhã, às 20h30, a Rede Globo anuncia sua mais ambiciosa e cara novela. Para a emissora, é a trama que vai revigorar o combalido horário das oito, que vem do fracasso de "Suave Veneno".
Em 1998, quando lançou "Torre de Babel", a Globo a anunciou como a mais cara novela, capaz de aumentar a audiência do horário, discurso parecido com o atual. A emissora juntou suas maiores estrelas no elenco, mas, ao tirá-las de seus papéis habituais, teve a obra rejeitada pelo público.
O autor, Silvio de Abreu, mudou com habilidade a história e alterou a personalidade dos protagonistas, reaproximando-os dos estereótipos com os quais o público estava acostumado. A audiência subiu, evitando o desastre.
Dessa vez, a Globo está tomando suas precauções para que "Terra Nostra" não se torne uma "Torre Nostra". Para começar, a história é de Benedito Ruy Barbosa, escritor considerado garantia de audiência.
Durante a reexibição no "Vale a Pena Ver de Novo", "O Rei do Gado", de Benedito, chegou a obter índices de audiência superiores ou próximos aos das produções inéditas do horário das seis. A novela, exibida em 1996, foi o último megassucesso da emissora.
"Terra Nostra" será uma superprodução que custará R$ 95 mil por capítulo, mesmo valor gasto em "Torre de Babel". As sequências iniciais, em que o casal de protagonistas se conhece num barco a vapor a caminho do Brasil, custaram R$ 1,2 milhão, porque foram filmadas na Inglaterra com centenas de figurantes.
Mas, se grande parte do fracasso relativo de "Torre" aconteceu porque Silvio de Abreu ousou demais, Jayme Monjardim, o diretor-geral de "Terra Nostra", decidiu usar apenas os ingredientes que são certeza de sucesso.
"É óbvio que estou nervoso com a estréia. Estou em pânico. Mas isso é saudável. Apostei nos ingredientes que considero garantias de uma boa audiência", afirma.
O rigor na qualidade da produção é notado nas cenas já exibidas nas chamadas promocionais. Monjardim dirigiu a maior parte dessas sequências iniciais. Não era raro esperar horas pela luz perfeita para rodar uma cena ao ar livre.
A idéia de "Terra Nostra" é uma reciclagem de outra trama de Benedito Ruy Barbosa: "Os Imigrantes", exibida na Bandeirantes em 1981. Ela contava a história de três Antonios -um italiano, um espanhol e um português- que tentavam a sorte no Brasil.
Outra reciclagem é mostrar Raul Cortez no papel de um italiano. Ele foi Geremias Berdinazzi em "Rei do Gado". "Quando Benedito me perguntou se eu faria um italiano novamente, não tive dúvida. Topei. A única semelhança dos dois é a nacionalidade. Geremias era voltado para o passado. Francesco, para o futuro", explica o ator.
As semelhanças de "Terra Nostra" com "Os Imigrantes" não parecem importar ao autor. "Naquele barco havia 2.000 pessoas, cada uma delas com uma história. Eu só voltei a esse lugar e escolhi outras histórias para contar", diz.
A história fictícia imaginada pelo autor será contada em paralelo com a real do século 20. Para tanto, Benedito dividiu a trama em três fases com cerca de 80 a 100 capítulos cada e com elencos distintos.
A duração dessas fases poderá variar de acordo com a audiência. Se Monjardim alcançar os 45 a 50 pontos no Ibope, que diz ser a sua meta (cada ponto equivale a cerca de 80 mil telespectadores na Grande SP), a novela pode chegar a 300 capítulos, somando as três fases.
Os atores já estão cientes da possibilidade. Antônio Fagundes, convidado a atuar na metade dos capítulos da primeira fase, já sabe que poderá ficar até o fim, e que esse fim poderá ser no capítulo 120.
A primeira fase começa no final do século 19 e conta a história de Juliana (Ana Paula Arósio) e Matheu (Thiago Lacerda), imigrantes italianos que se apaixonam durante a viagem ao Brasil. Eles se juntam a milhares de pessoas que tentam a sorte na América.
Os pais de Juliana adoecem e morrem durante a viagem e ela se se perde de Matheu na confusa chegada ao porto de Santos. Sozinha, ela recebe a ajuda de Francesco (Raul Cortez) -um banqueiro que era amigo de seus pais.
Matheu toma um rumo diferente e vai trabalhar na lavoura para Gumercindo (Antônio Fagundes), um barão do café intolerante, que não sabe lidar com empregados. O casal viverá os desencontros que são esperados em uma trama romântica até o final feliz.
"Seremos românticos mesmo. Queremos pegar as pessoas pela emoção, mas não vamos apelar para emoções baratas e sim falar de temas caros à todos, como a amizade, a família e o reencontro", analisa Monjardim.
Como cada fase cobrirá cerca de 30 anos, serão usadas as habilidades do maquiador David Press, que fez de Regina Duarte, 52, uma idosa de 87 anos em "Chiquinha Gonzaga". Ele simulará o envelhe-



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