DA REPORTAGEM LOCAL

DEPOIS de meses de adiamentos e uma série de impasses, o humorista Tom Cavalcante enfim coloca hoje no ar seu programa, que estréia às 15h45. Com 40 minutos de duração, "Megatom" é uma reunião de cerca de 20 personagens criados pelo comediante cearense, afastado da TV desde sua polêmica saída do humorístico "Sai de Baixo", onde interpretava o porteiro Ribamar.
"Megatom" vem sendo desenvolvido há cerca de um ano, quando foi gravado o primeiro piloto do programa. Previsto para estrear em outubro do ano passado, o humorístico foi adiado primeiramente para janeiro de 2000, quando, então, foi transferido para fevereiro.
Nesse período, o projeto foi suspenso pela emissora após o humorista ter deixado, em maio, as gravações do "Sai de Baixo", avisando que não voltaria mais. Depois de se explicar com a direção da Globo, o comediante teve sua atração liberada.
Em meio a boatos de que Marluce Dias da Silva, diretora-geral da Globo, não aprovava o texto, o programa, inicialmente subordinado ao núcleo do diretor Carlos Manga, passou a ser coordenado por Aloysio Legey, que era o responsável pelo extinto "Amigos & Amigos".
Elaborado anteriormente para ser exibido à noite, "Megatom" acabou sendo deslocado para as tardes de domingo, o que exigiu uma série de ajustes para adequá-lo ao horário. Comenta-se ainda que a estréia de hoje marca um período de teste que deve durar até abril, quando a Globo divulga sua nova programação. A atração teria, então, esse prazo para alavancar a audiência das tardes dominicais.
"Apesar de todos os percalços, sempre soubemos que o "Megatom" iria estrear. Todos os atrasos foram opções nossas, a Globo nunca teve dúvidas se colocava ou não a atração no ar", afirma Legey. Segundo ele, o novo horário de "Megatom" foi um pedido da direção da emissora, mas isso não descaracterizou o programa: "Apenas tivemos de fazer um humor mais light".
Para Tom, isso prova que é possível se ganhar muito sem "palavrões ou escatologias". "Por causa do horário, tive de ser lapidado, para manter a linguagem da família brasileira", afirma o comediante. "Déjà vu"
Com direção-geral de Maurício Tavares e direção de Mário Meirelles e Edson Erdmann, "Megatom" vai misturar esquetes de humor, números musicais e cenas externas, em uma linha que pouco difere dos humorísticos já existentes. Segundo Legey, cada programa custa, em média, US$ 60 mil.
Assim como "Sai de Baixo", a atração também é gravada em um teatro paulistano -no caso, o teatro Ópera, na Bela Vista, região central da cidade-, às terças e quartas-feiras.
Além do já conhecido bêbado João Canabrava, famoso por sua participação na "Escolinha do Professor Raimundo", de Chico Anysio, Tom Cavalcante vai mostrar ao público tipos tão distintos como Venâncio, um velhinho aposentado que está sempre atrás de bicos para completar o orçamento, Ivonete, uma perua emergente que nunca se separa de sua cadela Tchutchuquinha, e Figueira, um pão-duro "capaz de levar a família para Miami de ônibus".
"Não haverá cenários fixos, e os personagens aparecerão a cada semana em uma situação diferente", conta Claudio Paiva, supervisor de texto (ele era também o supervisor dos textos do "Sai de Baixo"). De acordo com ele, é provável que o programa abra espaço, futuramente, até para o porteiro Ribamar. "Ainda não achamos onde colocá-lo adequadamente, mas ele vai ser usado, sim", diz Paiva.
Entre os convidados do programa de hoje estão os atores Rodrigo Faro e Isadora Ribeiro (que vão interpretar uma espécie Adão e Eva), Jonas Bloch e Mateus Carrieri. Como atrações musicais, "Megatom" apresenta nesta tarde um dueto entre Tom e Ivete Sangalo, além de Baby do Brasil, Leonardo e Reginaldo Rossi -que se apresenta ao lado de João Canabrava. (ERIKA SALLUM)


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