|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERFIL / SOLANGE DE CASTRO NEVES
No dia 8 de maio, a Record planeja pôr no ar sua próxima novela, "Laços de Família". Por trás da trama, está a escritora Solange de Castro Neves, 48, ex-colaboradora de Cassiano Gabus Mendes e Ivani Ribeiro. Sua nova novela contará a saga de um homem rico e sozinho e terá locações na Bahia. Apesar de
ter o mesmo título que a próxima novela das oito da Globo, Solange não quer alterá-lo. "Por que eu é que tenho de mudar?", indaga.
Autora escreve a próxima novela da Record
DA REPORTAGEM LOCAL
Sobre o que será "Laços de Família"?
A novela vai contar a história de um
homem que construiu um império, mas
envelheceu sozinho. Antes de morrer,
descobre que havia sido traído por duas
pessoas de sua extrema confiança e muda seu testamento, deixando como herdeiras duas filhas até então desconhecidas. Criadas por mães diferentes, em
ambientes opostos, as irmãs acabam se
unindo contra um inimigo misterioso.
Mas acontece o inesperado: ambas se
apaixonam pelo mesmo homem. Poderá
esse amor acabar com a união das duas?
Ou serão os "Laços de Família" mais fortes que a trama da paixão?
Já estão definidos alguns nomes para o
elenco?
Muitos atores já têm em mãos a sinopse da novela e os três primeiros capítulos.
Não citarei nomes pelo receio de atrapalhar as negociações com a Record.
Haverá mesmo locações na Bahia e no
Embu (São Paulo)? E serão gravadas cenas
na fazenda do bispo Marcelo Crivella?
As locações serão na Bahia por causa
de um dos núcleos da novela ser ambientado no Nordeste. Mostraremos a saga
de um migrante nordestino para São
Paulo e o contraste das terras áridas
(Nordeste) com a fertilidade das terras
paulistas (no Embu). Não haverá locações na fazenda do bispo Crivella, pois
enfocaremos a realidade do Nordeste,
que, mais que os efeitos devastadores da
falta de chuva, sofrem as consequências
da "indústria da seca". Somente no final
da novela é que será enfocado que o Nordeste tem solução, sim.
E o título "Laços de Família" será mantido, já que a próxima novela das oito da
Globo também tem, provisoriamente, esse nome?
O nome da minha novela está registrado. Por que eu é que tenho de mudar?
Durante muito tempo, sugeri na Globo
títulos como esse, mas eles diziam que
era piegas...
Você já trabalhou na Globo, onde há
uma superprodução quando se trata de
telenovela. Como é trabalhar agora na
Record, uma emissora muito menor?
Será que a Rede Record é menor? A responsabilidade de todos os envolvidos
nesse projeto é muito grande, mas estamos imbuídos de esperança e vontade de
que dê tudo certo. Principalmente pela
abertura de novos campos de trabalho a
excelentes profissionais que se encontram desempregados. Há quatro meses
foram entregues, a pedido, duas sinopses
inéditas que foram aprovadas, e "Laços
de Família" vai inaugurar os novos estúdios da casa.
Você guarda mágoa da Globo por ter
saído da novela "Quem É Você"? Foi esse o
motivo de sua saída da emissora?
Não guardo nem poderia ter mágoa da
Globo, pois sempre fui muito respeitada
pelo Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, atual consultor da Globo) e pelo
Mario Lucio Vaz (atual diretor da Central Globo de Qualidade), que me conheciam melhor e valorizavam meu trabalho. Minha saída aconteceu porque precisava enfrentar novos desafios e, para isso, deveria estar disponível.
Você foi assistente de Ivani Ribeiro, autora de novelas como "Cavalo Amarelo"
(80) e "Final Feliz" (85). Como foi essa experiência?
Foi um presente de Deus trabalhar com
ela. Com Ivani, aprendi muito, inclusive
um fator primordial para um roteirista
de TV, que é a disciplina necessária para
desenvolver um capítulo por dia, de, em
média, 30 páginas. É um trabalho que
não permite quebra, por mais grave que
seja o motivo.
Quais novelas você escreveu, incluindo
as como colaboradora?
De Cassiano Gabus Mendes: "Brega &
Chique", "Que Rei Sou Eu?" e "Meu
Bem, Meu Mal". De Ivani Ribeiro:
"Amor com Amor se Paga", "O Sexo dos
Anjos", "Mulheres de Areia", "A Viagem", "Quem É Você?" e "O Sarau".
Como você começou a escrever telenovelas?
Eu trabalhava com Carlos Queiróz Teles na TV Cultura e, incentivada por ele,
entreguei uma sinopse ao Paulo Ubiratan, que me apresentou ao Cassiano Gabus Mendes. Com ele, comecei a aprender a carpintaria da TV. Em seguida, Ivani Ribeiro me chamou para trabalhar
com ela. Dessa forma acabei tendo o privilégio de ter como mestres dois grandes
nomes da teledramaturgia brasileira.
Afinal, telenovela é ou não é um gênero
em extinção?
Não é, não. Nosso país tem imensas diferenças sociais, onde teatro e cinema
são inacessíveis à grande maioria. É por
meio da telenovela que a população tem
acesso a sua parcela de sonho e fantasia.
(ERIKA SALLUM)
Texto Anterior: Veja esta canção: Manu Chao vive "desaparecido" nas ruas do Rio Próximo Texto: TV no mundo: Casamento vira "bom negócio" na TV dos EUA Índice
|