São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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ENTREVISTA

ROGÉRIO GALLO

A partir do próximo dia 4, a Bandeirantes começa a ter uma nova cara: a de TV popular. Jornalismo com toques de sensacionalismo e programas comandados por Leão Lobo e Márcia Goldschmidt vão dar o tom da nova programação do canal. O responsável por essas mudanças é o diretor de criação da Band, Rogério Gallo, ex-Rede TV!, que defende a "popularização, mas sem baixaria". "Temos que fazer uma TV competitiva", diz.

CLÁUDIA CROITOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Você foi chamado para a Bandeirantes especialmente para implantar essas mudanças na programação?
Há uma vontade da Band de promover uma renovação, não é um projeto só meu. Mas, quando vim para a emissora, já tinha, claro, algumas opiniões, observava a Band como concorrente e como telespectador. Sempre senti que era preciso renovar. E quando cheguei encontrei um clima muito favorável para isso.
Você já disse que discordava da direção da Rede TV! por estar popularizando muito a emissora e agora pretende popularizar a Band. Qual é a diferença?
O termo popularizar ficou muito viciado. Acho que está difícil empregá-lo, porque virou sinônimo de baixaria. Sou totalmente contra essa concorrência predatória que se instalou na TV. Tem que haver limites éticos.
Então você é a favor da regulamentação da programação da TV pelo governo?
Sou a favor de que se desenvolvam critérios claros, em conjunto com as emissoras. De qualquer maneira, sou a favor de limites. Então sou obrigado a romper com esse termo "popularização", porque induz a um raciocínio equivocado.
Qual a sua concepção de popularização?
Acho que ser popular não é ser vulgar. Fazemos uma TV aberta, então temos de nos comunicar com a massa. Fazer uma TV competitiva é o termo que eu prefiro usar. Há uma tendência de distribuição mais equilibrada da audiência, então precisamos gerar produtos competitivos dentro desse cenário. Jamais serei defensor da baixaria, mas jamais serei defensor de se fazer uma TV aberta sem ter compromisso com a audiência.
E quais serão as principais mudanças para tornar a Band competitiva?
Queremos uma televisão vibrante, com 80% da programação ao vivo, altamente informativa, baseada nos comunicadores. Vamos aproveitar o conteúdo do Band News [canal de notícias da Band]. Quero ter uma grade que esteja aberta o tempo todo para esse tipo de intervenção, em que possamos entrar a qualquer momento com notícias, derrubando as pautas dos programas para repercuti-las.
Seria então o conceito que Globo, SBT e Record estão adotando nos domingos, com o jornalismo como grande atrativo?
Sim, de uma certa forma é o que vamos fazer. Quero que a Band se torne um canal informativo, mas com uma informação que interesse a todo mundo.
Como será o vespertino comandado por Astrid, Leão Lobo e Aparecida Liberato?
Irá ao ar das 13h às 17h, e eles vão apresentar juntos. A Aparecida [irmã de Gugu Liberato] cuidará dessa coisa esotérica. O Leão, claro, vai cuidar das fofocas, que é um segmento que não dá para ignorar. E a Astrid vai dar a pegada jornalística. Mas todos vão participar de tudo, não haverá espaços definidos. Será o clássico programa de variedades da tarde, mas com uma embalagem bacana.
E como será o programa da Márcia Goldschmidt, já que ela tem a imagem ligada a programas populares, no sentido da palavra que você quer evitar?
É óbvio que no programa dela vamos dar espaço a dramas pessoais, como ocorria no "Márcia" [programa da apresentadora no SBT", mas com limite. Ninguém vai incentivar as pessoas a se baterem no ar [risos". Mas teremos um diferencial, que será o da denúncia e da defesa do consumidor, sempre com casos reais. Claro que também vai haver brigas de família, mas não só isso.
Por que o programa da Silvia Poppovic foi extinto?
Concordamos que é momento de uma renovação. Então vamos aproveitar a grande credibilidade que ela tem em um programa jornalístico que ela vai comandar, com apelo popular, emocional, fortemente opinativo, com uma trilha dramática, imagens de helicóptero, voltado para os problemas da cidade.
Será uma espécie de "Cidade Alerta"?
Será um show de notícias. Com a diferença da presença da Silvia, que dará outra conotação. Mas será exatamente no mesmo horário do "Cidade Alerta".
Há mesmo interesse em contratar Lilian Witte Fibe para comandar um programa de entrevistas às 22h?
Sim, há. Não posso afirmar que seja para um programa assim, mas há interesse nela. Queremos criar nesse horário uma atração diária. Estamos atrás de um grande comunicador para isso, temos muitos nomes em mente, mas ainda não posso falar sobre nenhum.
Houve um conflito de opiniões entre você e Roberto de Oliveira [vice-presidente de televisão da Band], que seria contrário a essa popularização da emissora?
[Silêncio] É, não sei, acho temos que fazer uma renovação, é nisso que eu estou concentrado. Não é um projeto só meu. É uma bobagem isso que saiu na imprensa, de que havia duas vertentes na Band. O que há é uma postura da emissora como um todo, estou amparado por toda a estrutura da Band. Está acima dessas questões pessoais.


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