|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ENTREVISTA
ROGÉRIO GALLO
A partir do próximo dia 4, a Bandeirantes começa a ter uma nova cara: a de TV popular.
Jornalismo com toques de sensacionalismo e
programas comandados por Leão Lobo e
Márcia Goldschmidt vão dar o tom da nova
programação do canal. O responsável por essas mudanças é o diretor de criação da Band,
Rogério Gallo, ex-Rede TV!, que defende a
"popularização, mas sem baixaria". "Temos
que fazer uma TV competitiva", diz.
CLÁUDIA CROITOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Você foi chamado para a Bandeirantes
especialmente para implantar essas mudanças na programação?
Há uma vontade da Band de promover
uma renovação, não é um projeto só
meu. Mas, quando vim para a emissora,
já tinha, claro, algumas opiniões, observava a Band como concorrente e como
telespectador. Sempre senti que era preciso renovar. E quando cheguei encontrei um clima muito favorável para isso.
Você já disse que discordava da direção
da Rede TV! por estar popularizando muito a emissora e agora pretende popularizar a Band. Qual é a diferença?
O termo popularizar ficou muito viciado. Acho que está difícil empregá-lo,
porque virou sinônimo de baixaria. Sou
totalmente contra essa concorrência predatória que se instalou na TV. Tem que
haver limites éticos.
Então você é a favor da regulamentação
da programação da TV pelo governo?
Sou a favor de que se desenvolvam critérios claros, em conjunto com as emissoras. De qualquer maneira, sou a favor
de limites. Então sou obrigado a romper
com esse termo "popularização", porque
induz a um raciocínio equivocado.
Qual a sua concepção de popularização?
Acho que ser popular não é ser vulgar.
Fazemos uma TV aberta, então temos de
nos comunicar com a massa. Fazer uma
TV competitiva é o termo que eu prefiro
usar. Há uma tendência de distribuição
mais equilibrada da audiência, então
precisamos gerar produtos competitivos
dentro desse cenário. Jamais serei defensor da baixaria, mas jamais serei defensor de se fazer uma TV aberta sem ter
compromisso com a audiência.
E quais serão as principais mudanças para tornar a Band competitiva?
Queremos uma televisão vibrante, com
80% da programação ao vivo, altamente
informativa, baseada nos comunicadores. Vamos aproveitar o conteúdo do
Band News [canal de notícias da Band].
Quero ter uma grade que esteja aberta o
tempo todo para esse tipo de intervenção, em que possamos entrar a qualquer
momento com notícias, derrubando as
pautas dos programas para repercuti-las.
Seria então o conceito que Globo, SBT e
Record estão adotando nos domingos,
com o jornalismo como grande atrativo?
Sim, de uma certa forma é o que vamos
fazer. Quero que a Band se torne um canal informativo, mas com uma informação que interesse a todo mundo.
Como será o vespertino comandado por
Astrid, Leão Lobo e Aparecida Liberato?
Irá ao ar das 13h às 17h, e eles vão apresentar juntos. A Aparecida [irmã de Gugu Liberato] cuidará dessa coisa esotérica. O Leão, claro, vai cuidar das fofocas,
que é um segmento que não dá para ignorar. E a Astrid vai dar a pegada jornalística. Mas todos vão participar de tudo,
não haverá espaços definidos. Será o
clássico programa de variedades da tarde, mas com uma embalagem bacana.
E como será o programa da Márcia
Goldschmidt, já que ela tem a imagem ligada a programas populares, no sentido
da palavra que você quer evitar?
É óbvio que no programa dela vamos
dar espaço a dramas pessoais, como
ocorria no "Márcia" [programa da apresentadora no SBT", mas com limite.
Ninguém vai incentivar as pessoas a se
baterem no ar [risos". Mas teremos um
diferencial, que será o da denúncia e da
defesa do consumidor, sempre com casos reais. Claro que também vai haver
brigas de família, mas não só isso.
Por que o programa da Silvia Poppovic
foi extinto?
Concordamos que é momento de uma
renovação. Então vamos aproveitar a
grande credibilidade que ela tem em um
programa jornalístico que ela vai comandar, com apelo popular, emocional,
fortemente opinativo, com uma trilha
dramática, imagens de helicóptero, voltado para os problemas da cidade.
Será uma espécie de "Cidade Alerta"?
Será um show de notícias. Com a diferença da presença da Silvia, que dará outra conotação. Mas será exatamente no
mesmo horário do "Cidade Alerta".
Há mesmo interesse em contratar Lilian
Witte Fibe para comandar um programa
de entrevistas às 22h?
Sim, há. Não posso afirmar que seja
para um programa assim, mas há interesse nela. Queremos criar nesse horário
uma atração diária. Estamos atrás de um
grande comunicador para isso, temos
muitos nomes em mente, mas ainda não
posso falar sobre nenhum.
Houve um conflito de opiniões entre você e Roberto de Oliveira [vice-presidente
de televisão da Band], que seria contrário
a essa popularização da emissora?
[Silêncio] É, não sei, acho temos que
fazer uma renovação, é nisso que eu estou concentrado. Não é um projeto só
meu. É uma bobagem isso que saiu na
imprensa, de que havia duas vertentes
na Band. O que há é uma postura da
emissora como um todo, estou amparado por toda a estrutura da Band. Está
acima dessas questões pessoais.
Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Extreme Reality: Adrenalina pura dá ibope Índice
|