São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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EXTREME REALITY

Câmera flagra clientes pegando carona em assalto

DA REDAÇÃO

Alguns flagrantes dos programas de "extreme reality" mostram muito mais do que pessoas em perigo. Durante um assalto a uma joalheria americana, por exemplo, a câmera de segurança revelou que, enquanto um trio de ladrões nervosos quebrava as vitrines a coronhadas e recolhia tudo o que podia, duas clientes, não tão assustadas quanto os vendedores, aproveitavam a confusão para embolsar algumas jóias. As duas saíram de fininho, logo atrás dos assaltantes.
O "World Wildest Police Videos", exibido pelo canal USA, explora, além das perseguições motorizadas, as abordagens de suspeitos, gravadas pelas câmeras afixadas no painel dos carros policiais. Nada que comprometa os homens da lei ou que lembre a violência policial nas favelas Naval, de São Paulo, e da Cidade de Deus, no Rio, em 1997.
A rotina estressante dos hospitais de pronto-socorro é outro prato cheio. "Emergência 911", do AXN, e "Sala de Emergência", do Discovery, reconstituem os casos mais dramáticos e os resgates documentados pelas próprias equipes médicas. As histórias reais vão desde o atendimento até os procedimentos finais de delicadas operações.
Nem os bichos escapam à onda do realismo total: o Animal Planet exibe "Ao Resgate", contra-indicado para os amantes mais sensíveis de cães, gatos e aves em geral. No programa, são mostrados salvamentos de baleias presas em redes de pesca ou de cachorrinhos quase afogados em inundações. Além dos flagrantes, o programa acompanha a recuperação, que tanto pode ser de uma coruja atropelada quanto de uma águia que colidiu com a rede de alta-tensão.
O diretor de núcleo da TV Globo, Luiz Fernando Carvalho, responsável pela minissérie "Os Maias" e que agora finaliza seu primeiro longa-metragem, "Lavoura Arcaica", acha que a proliferação desses programas é resultado de um fenômeno mundial. "Há um excesso absurdo de câmeras particulares e institucionais. Nos túneis, nas lojas, andando nas ruas, somos filmados. Daí surgem esses flagrantes. Cada vez mais, a imagem vale pelo conteúdo e não pela qualidade técnica. Lembro que quando fui à Itália, conhecer a Fontana de Trevi, não pude vê-la. O que vi foi uma muralha humana, formada por dezenas de japoneses, todos com câmeras nas mãos, gravando sem parar." (MARCELO MIGLIACCIO)


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