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EXTREME REALITY
Câmera flagra clientes pegando carona em assalto
DA REDAÇÃO
Alguns flagrantes dos programas de
"extreme reality" mostram muito mais
do que pessoas em perigo. Durante um
assalto a uma joalheria americana, por
exemplo, a câmera de segurança revelou
que, enquanto um trio de ladrões nervosos quebrava as vitrines a coronhadas e
recolhia tudo o que podia, duas clientes,
não tão assustadas quanto os vendedores, aproveitavam a confusão para embolsar algumas jóias. As duas saíram de
fininho, logo atrás dos assaltantes.
O "World Wildest Police Videos", exibido pelo canal USA, explora, além das
perseguições motorizadas, as abordagens de suspeitos, gravadas pelas câmeras afixadas no painel dos carros policiais. Nada que comprometa os homens
da lei ou que lembre a violência policial
nas favelas Naval, de São Paulo, e da Cidade de Deus, no Rio, em 1997.
A rotina estressante dos hospitais de
pronto-socorro é outro prato cheio.
"Emergência 911", do AXN, e "Sala de
Emergência", do Discovery, reconstituem os casos mais dramáticos e os resgates documentados pelas próprias
equipes médicas. As histórias reais vão
desde o atendimento até os procedimentos finais de delicadas operações.
Nem os bichos escapam à onda do realismo total: o Animal Planet exibe "Ao
Resgate", contra-indicado para os amantes mais sensíveis de cães, gatos e aves em
geral. No programa, são mostrados salvamentos de baleias presas em redes de
pesca ou de cachorrinhos quase afogados em inundações. Além dos flagrantes,
o programa acompanha a recuperação,
que tanto pode ser de uma coruja atropelada quanto de uma águia que colidiu
com a rede de alta-tensão.
O diretor de núcleo da TV Globo, Luiz
Fernando Carvalho, responsável pela
minissérie "Os Maias" e que agora finaliza seu primeiro longa-metragem, "Lavoura Arcaica", acha que a proliferação
desses programas é resultado de um fenômeno mundial. "Há um excesso absurdo de câmeras particulares e institucionais. Nos túneis, nas lojas, andando
nas ruas, somos filmados. Daí surgem
esses flagrantes. Cada vez mais, a imagem vale pelo conteúdo e não pela qualidade técnica. Lembro que quando fui à
Itália, conhecer a Fontana de Trevi, não
pude vê-la. O que vi foi uma muralha humana, formada por dezenas de japoneses, todos com câmeras nas mãos, gravando sem parar."
(MARCELO MIGLIACCIO)
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