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"LUNA CALIENTE"
Emissora grava em película microssérie sobre homem casado que se envolve com adolescente
Globo filma 'tragédia de erros'
ANNA LEE
enviada especial a Santa Cruz do Sul (RS)
"Luna Caliente" -série
em quatro capítulos que a
Globo está produzindo em
película, sem data de estréia prevista- é uma
"tragédia de erros", diz
Jorge Furtado, diretor e
um dos roteiristas do programa.
Na história -baseada no
livro homônimo do escritor argentino Mempo
Giardinelli-, Ramiro, um
homem de 40 anos, vivido
por Paulo Betti, deixa-se
seduzir por uma adolescente, Elisa (Ana Paula Tabalipa), filha de um casal
de amigos.
A história original se passa no norte da Argentina,
em 1976.
Na adaptação, a trama
foi transportada para o
Brasil, numa cidade fictícia
do interior do Rio Grande
do Sul, em 1970, época do
regime militar -o que é
retratado na história.
A microssérie está sendo
filmada nas cidades gaúchas de Santa Cruz do Sul e
Rio Pardo.
Ramiro passa oito anos
na França e, quando retorna ao Brasil, vai visitar o
casal de amigos. Acaba ficando para dormir na casa
deles e, no meio da noite,
movido por um impulso
incontrolável, vai até o
quarto de Elisa.
Ela, que tinha se insinuado para ele, resiste à sua
aproximação e diz que vai
gritar. Apavorado, ele coloca um travesseiro sobre
o rosto dela, na tentativa
de calá-la.
Elisa perde os sentidos, e
Ramiro pensa que ela está
morta. Com medo de ser
acusado de estupro e assassinato, ele foge. A partir
daí, Ramiro se envolve em
um assassinato e em uma
trama policial para tentar
escapar.
Como pano de fundo,
sempre, a "luna caliente"
quente, causadora de desejos ardentes, como convém aos amantes, protagonistas de paixões avassaladoras.
"Ramiro é um homem
racional, de formação cartesiana, que inesperadamente se vê diante do sexo.
Não consegue lidar com a
paixão abrasadora, perde
seu ponto de equilíbrio e se
afoga num mar de erros
sucessivos", conta Betti,
sobre seu personagem.
Tudo isso por causa de
Elisa, que Ana Paula define
como uma personagem
multifacetada. "Em cada
momento ela se apresenta
de uma forma diferente. É
ingênua, sedutora, apaixonada, diabólica, cínica.
Sua imprevisibilidade é
que faz Ramiro perder o
equilíbrio."
Quando se fala em uma
história de um homem de
meia-idade, que se apaixona por uma adolescente,
não há como não lembrar
o filme "Lolita", o clássico de Stanley Kubrick, de
1962 -baseado no livro de
Vladimir Nabokov
(1955)-, que acaba de ganhar uma releitura de
Adrian Lyne.
No livro de Giardinelli,
Elisa, que originalmente se
chama Aricele, tem 13
anos. Na versão de Furtado, tem 18 recém-completados, uma forma de, segundo o diretor, "não ter
problemas com o Juizado
de Menores".
"O envolvimento entre
Ramiro e Elisa é apenas
um ingrediente. A história
é fascinante porque sua
narrativa é engenhosa.
Tem uma surpresa a cada
minuto. É uma trama de
ação, catártica até o fim."
Projeto antigo
Foi a "engenhosidade"
da trama de Mempo Giardinelli que fez Furtado, em
1988, quando leu pela primeira vez o livro "Luna
Caliente", ir a Buenos Aires procurar o escritor para adquirir os direitos de
filmar a história.
Chegou tarde. Giardinelli
já tinha negociado com um
produtor mexicano, que
realizou o filme, mas não
chegou a exibi-lo.
Mesmo assim, Furtado
não desistiu. Começou a
trabalhar no roteiro -que
na versão atual divide com
Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil, seus sócios na
produtora Casa de Cinema, de Porto Alegre. Tinha
a certeza de que um dia
contaria a sua tradução de
"Luna Caliente".
Tanto é que, desde 1988,
já tinha escolhido o ator
Tonico Pereira para viver o
pai de Elisa, Bráulio Tennenbaum. Ainda estão no
elenco Paulo José e Fernanda Torres, entre outros.
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