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Letícia Sabatella durante filmagem de "Bela Donna", rodado no Ceará com direção de Fábio Barreto

ELAINE GUERINI
da Reportagem Local

O "boom" do cinema nacional já dificulta a seleção de atores para o elenco de novelas ou minisséries. Nomes mais conhecidos do público pela atuação na TV passaram a esticar a entressafra entre um personagem e outro no vídeo para melhor explorar o mundo da sétima arte.
Lima Duarte e Letícia Sabatella, por exemplo, recusaram convites da Globo priorizando o trabalho nas telas. Depois de filmar "A Ostra e o Vento" e "Boleiros", Duarte recusou um papel central em "Anjo Mau", a nova novela das seis, para rodar "O Rio do Ouro", de Paulo Rocha, em Portugal.
Longe das novelas desde "Irmãos Coragem" (Globo, 94/95), Letícia vem rejeitando vários convites de TV -incluindo o papel principal na minissérie "Dona Flor e seus Dois Maridos"- para se aventurar nas telas.
"A última novela que fiz me deu uma canseira tão grande que resolvi dar um tempo. Estou aprendendo coisas novas no cinema", conta Letícia, 26, que acabou de filmar "Bela Donna", o novo trabalho de Fábio Barreto, no Ceará.
Marcos Palmeira, 33, que atuou recentemente em "Salsa & Merengue", está envolvido em mais um projeto cinematográfico. Além de estrelar "Buena Sorte", com estréia prevista nesta sexta-feira em São Paulo, o ator começa a rodar em setembro "Villa-Lobos", de Zelito Viana.

Kleide Teixeira/Folha Imagem

O ator Marcos Palmeira, protagonista do filme "Buena Sorte"

"Sou o compositor jovem e Antônio Fagundes faz o personagem mais velho", diz o ator, que trabalha em mais três produções inéditas: "Anahy de las Missiones", "Como Ser Solteiro no Rio de Janeiro" e "O Amor Está no Ar". "Hoje o cinema não vê mais os atores de TV com preconceito. Isso passou."
O renascimento do cinema nacional ainda vai afastar Patrícia Pillar das novelas. A atriz começa a filmar em setembro "Amor & Cia", com Helvécio Ratton. "Só pretendo voltar a fazer TV em 98. Além de ter ficado superexposta com 'O Rei do Gado', quero me dedicar mais à linguagem do cinema. Quero ajudar no roteiro."
Antonio Calmon, 51, autor de "Corpo Dourado" -trama cotada para substituir "Zazá"- reconhece que escalar atores para novelas está "cada vez mais difícil". "Não só em função do cinema, mas também da concorrência. Nem sempre você consegue o ator que quer."
Por conta das filmagens de "O Pequeno Dicionário Amoroso" e "O Homem Nu", Daniel Dantas recusou um papel em novela e uma participação em "Dona Flor". "Estou descobrindo o cinema e esse momento é sempre fascinante. Mas isso não diminui o meu prazer em fazer teatro ou TV", comenta o ator, que ainda está no elenco de "Cronicamente Inviável" e "O Caso Morel".
A possibilidade de elaborar melhor o personagem é a maior vantagem do cinema apontada pelos atores. "Quem faz novela grava de 25 a 30 cenas por dia. Em um filme, são no máximo quatro", destaca Eduardo Moscovis, 29, que atua em "O Que É Isso, Companheiro?" (em cartaz) e no inédito "Bela Donna".
"A novela é descartável. Já o filme tem esse lado de perpetuação que é fascinante", afirma Jonas Bloch, 58. Após atuar em "Perdidos de Amor", na Bandeirantes, o ator poderá ser visto nos filmes "Kenoma", "Policarpo Quaresma" e "A Terceira Morte de Joaquim Bolivar".
Giulia Gam, 30, diz que só aceitou o papel de protagonista de "Dona Flor" (sem data de estréia) por considerá-lo um "grande personagem do arquétipo feminino". "Quando acabar as gravações, começo a rodar um longa baseado na obra de Guimarães Rosa", conta a atriz, que só no ano passado fez três filmes: "Policarpo Quaresma", "Tiradentes" e "Miramar".
O "boom" do cinema acabará exercendo uma influência positiva sobre a TV. É o que diz Fernanda Torres, 31, estrela de "O Que É Isso, Companheiro?" e dos inéditos "Contagem Regressiva" e "Traição". "A TV será obrigada a dar tratamento de cinema às produções. Séries como 'A Justiceira' devem se multiplicar e as emissoras devem investir em filmes feitos para televisão."



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