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MAKING OF
Um dia é pouco para conhecer o Projac, da Globo
CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO
HOLLYWOOD tupiniquim, fábrica
de sonhos, maior centro de produção de TV da América Latina. As alcunhas são muitas para o Projac, que completa cinco anos este mês. O lugar onde
os programas da TV Globo são produzidos, com exceção dos jornalísticos, é
uma "cidade" dentro do bairro de Jacarepaguá (zona norte do Rio).
Consome energia elétrica equivalente à
de um município com 90 mil habitantes.
Uma visita aos seus estúdios, cidades cenográficas, ilhas de edição, fábricas de
cenários e figurinos pode levar o dia inteiro. Só mesmo a bordo de um dos 110
carrinhos elétricos utilizados pelos funcionários. As distâncias chegam a 10 km.
Cada novela produzida no Projac tem
seu próprio estúdio. Um quarto estúdio é
o embrião da próxima trama. Programas
de auditório como os de Xuxa e de Fausto Silva são gravados em outros dois estúdios, virados para a rua, facilitando a
entrada do público.
Há gente trabalhando 24 horas por dia.
Se os atores labutam, geralmente, entre
13h e 23h, logo depois, um batalhão de
funcionários começa a operação monta-e-desmonta madrugada adentro.
É que os estúdios, de 1.000 m2, não
comportam todos os cenários de uma
novela, que têm em torno de 3.500 m2. Os
cenários são guardados em carrinhos e
vão para o almoxarifado, com identificação. Um exemplo: a casa de Alma (Marieta Severo), de "Laços de Família".
Quando for utilizado da próxima vez, ele
pode ser montado em qualquer parte do
estúdio. O chão é todo delimitado por
marcações de 1 m2. Alguns cenários, pela
dificuldade de transporte, não saem dos
estúdios. Mas são exceções.
A iluminação é um capítulo à parte. É
toda informatizada. Isso permite que o
conjunto de luzes usado para uma determinada cena seja "guardado", assim como os cenários. Quando os atores continuarem aquela cena, dois, três dias depois, a iluminação está toda arquivada
no computador.
Uma "via expressa", coberta por causa
da chuva, faz a ligação entre os estúdios e
as fábricas de cenários e figurinos. O início da produção começa no chamado
"prédio de criação", três meses antes de
uma novela ou minissérie entrar no ar.
Enquanto os cenotécnicos e costureiros estão cortando madeiras e rolos de
pano, os atores podem estar numa sala
próxima aprendendo mais sobre seus
personagens num workshop.
Nas cidades cenográficas, tudo parece
de verdade: frutas, verduras, os detalhes
de envelhecimento das casas. Normalmente, as cidades são usadas apenas para as cenas externas. Isso faz com que a
janela em estilo art nouveau que está no
estúdio B tenha sua equivalente, do lado
de fora, num casarão da cidade cenográfica de "O Cravo e a Rosa".
Um galpão é exclusivo para realizar
"efeitos especiais" como explosões e capotagens. A finalização das imagens é
feita no Centro de Pós-Produção (CPP),
com 12 ilhas de edição e 12 de sonorização. É ali que fica o arquivo de mídia,
com programas e novelas do passado ou
que ainda serão exibidos. Guarda 165
mil fitas acessadas e entregues por um
equipamento robotizado.
A direção do Projac fica em cinco prédios identificados pelas cores salmão,
azul, pêssego, amarelo e branco. Quatro
novos estúdios estão sendo construídos
para abrigar programas semanais como
"Casseta e Planeta". O custo desses estúdios é de US$ 30 milhões, o que eleva para US$ 250 milhões o total gasto em estúdios no Projac. Com esses novos estúdios, a Globo chega a dez. A CBS norte-americana, dona da maior produtora de
programas de TV do mundo, possui 19.
O Projac foi idealizado em 1989, para
centralizar e baratear a produção de entretenimento da Globo, reduzindo custos com aluguel de outros estúdios da cidade. Teve um investimento inicial de
US$ 120 milhões. Era o Projeto Jacarepaguá, daí o nome Projac, que se popularizou, mas a emissora quer substituir para
Central Globo de Produção (CGP), por
não se tratar mais apenas de um projeto
desde a inauguração, marcada pelo início das gravações da novela "Explode
Coração", em 2 de outubro de 1995.
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