São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2000

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MAKING OF

Um dia é pouco para conhecer o Projac, da Globo

CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO

HOLLYWOOD tupiniquim, fábrica de sonhos, maior centro de produção de TV da América Latina. As alcunhas são muitas para o Projac, que completa cinco anos este mês. O lugar onde os programas da TV Globo são produzidos, com exceção dos jornalísticos, é uma "cidade" dentro do bairro de Jacarepaguá (zona norte do Rio).
Consome energia elétrica equivalente à de um município com 90 mil habitantes. Uma visita aos seus estúdios, cidades cenográficas, ilhas de edição, fábricas de cenários e figurinos pode levar o dia inteiro. Só mesmo a bordo de um dos 110 carrinhos elétricos utilizados pelos funcionários. As distâncias chegam a 10 km.
Cada novela produzida no Projac tem seu próprio estúdio. Um quarto estúdio é o embrião da próxima trama. Programas de auditório como os de Xuxa e de Fausto Silva são gravados em outros dois estúdios, virados para a rua, facilitando a entrada do público.
Há gente trabalhando 24 horas por dia. Se os atores labutam, geralmente, entre 13h e 23h, logo depois, um batalhão de funcionários começa a operação monta-e-desmonta madrugada adentro.
É que os estúdios, de 1.000 m2, não comportam todos os cenários de uma novela, que têm em torno de 3.500 m2. Os cenários são guardados em carrinhos e vão para o almoxarifado, com identificação. Um exemplo: a casa de Alma (Marieta Severo), de "Laços de Família". Quando for utilizado da próxima vez, ele pode ser montado em qualquer parte do estúdio. O chão é todo delimitado por marcações de 1 m2. Alguns cenários, pela dificuldade de transporte, não saem dos estúdios. Mas são exceções.
A iluminação é um capítulo à parte. É toda informatizada. Isso permite que o conjunto de luzes usado para uma determinada cena seja "guardado", assim como os cenários. Quando os atores continuarem aquela cena, dois, três dias depois, a iluminação está toda arquivada no computador.
Uma "via expressa", coberta por causa da chuva, faz a ligação entre os estúdios e as fábricas de cenários e figurinos. O início da produção começa no chamado "prédio de criação", três meses antes de uma novela ou minissérie entrar no ar.
Enquanto os cenotécnicos e costureiros estão cortando madeiras e rolos de pano, os atores podem estar numa sala próxima aprendendo mais sobre seus personagens num workshop.
Nas cidades cenográficas, tudo parece de verdade: frutas, verduras, os detalhes de envelhecimento das casas. Normalmente, as cidades são usadas apenas para as cenas externas. Isso faz com que a janela em estilo art nouveau que está no estúdio B tenha sua equivalente, do lado de fora, num casarão da cidade cenográfica de "O Cravo e a Rosa".
Um galpão é exclusivo para realizar "efeitos especiais" como explosões e capotagens. A finalização das imagens é feita no Centro de Pós-Produção (CPP), com 12 ilhas de edição e 12 de sonorização. É ali que fica o arquivo de mídia, com programas e novelas do passado ou que ainda serão exibidos. Guarda 165 mil fitas acessadas e entregues por um equipamento robotizado.
A direção do Projac fica em cinco prédios identificados pelas cores salmão, azul, pêssego, amarelo e branco. Quatro novos estúdios estão sendo construídos para abrigar programas semanais como "Casseta e Planeta". O custo desses estúdios é de US$ 30 milhões, o que eleva para US$ 250 milhões o total gasto em estúdios no Projac. Com esses novos estúdios, a Globo chega a dez. A CBS norte-americana, dona da maior produtora de programas de TV do mundo, possui 19.
O Projac foi idealizado em 1989, para centralizar e baratear a produção de entretenimento da Globo, reduzindo custos com aluguel de outros estúdios da cidade. Teve um investimento inicial de US$ 120 milhões. Era o Projeto Jacarepaguá, daí o nome Projac, que se popularizou, mas a emissora quer substituir para Central Globo de Produção (CGP), por não se tratar mais apenas de um projeto desde a inauguração, marcada pelo início das gravações da novela "Explode Coração", em 2 de outubro de 1995.


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