São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1999

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PRÓXIMA ATRAÇÃO
Depois de sete anos só atuando em programas especiais, ator volta na próxima trama das sete
Nanini 'reaprende' a fazer novela

ANNA LEE
da Sucursal do Rio

Otávio -o personagem de Marco Nanini na próxima novela das sete da Globo, que deve estrear em março- um jornalista que depois de sofrer um acidente fica sem memória durante 18 anos, é, para o ator, sinônimo de reaprendizado.
Não só porque, quando começa a novela, Otávio está saindo do estado de inconsciência e precisa reaprender a viver, redescobrir o mundo. Mas também porque o próprio Nanini está "reaprendendo a fazer novela".
"Faz muito tempo que eu não faço, a última foi há sete anos, "Pedra sobre Pedra'. O papel está exigindo dupla atenção. A primeira com a composição do personagem e a segunda, com a forma de distribuir todas as suas nuanças em dez meses, tempo que normalmente dura uma novela", conta Nanini.
"Não se pode chegar com ansiedade e querer fazer tudo numa cena, senão fica over. Minha preocupação é essa, não deixar que fique muito teatral. Novela não é como um especial, no qual se pode exagerar porque fica pouco tempo no ar."
Desde a sua última novela, em 92, Nanini tem feito para a TV apenas especiais. O último foi "O Auto da Compadecida", série em quatro capítulos exibida na Globo, de 5 a 8 de janeiro. No teatro, desde o fim de novembro, está em cartaz no Rio com a peça "Uma Noite na Lua", sobre um escritor anônimo que se compromete a escrever uma peça em apenas uma madrugada.
A novela foi abandonada nos últimos sete anos "pela impossibilidade de juntar os três ingredientes necessários para passar tanto tempo fazendo um só trabalho: bom papel, dinheiro e tabela de gravações compatível com os outros compromissos".
"Dessa vez deu para juntar tudo. Principalmente porque o Euclydes Marinho escreveu o papel para mim. Otávio é um personagem que tem muita poesia, tem humor, mas também tem um lado romântico", diz Nanini.
"É bom fazer um herói, porque os vilões estão em voga há muito tempo. A verdade é que qualquer motivo é motivo, quando se gosta do projeto."
Tem mais. Otávio vai dar a Nanini a possibilidade de se divertir, e ele parte do princípio de que "nenhum trabalho é possível se não há diversão".
"A diversão está nas descobertas que o personagem faz. Ele tem que aprender a conviver com todas as inovações tecnológicas acontecidas nos últimos 18 anos, como computador e celular", afirma o ator.
"Também tem o encontro dele com as três filhas. O engraçado é que Otávio acredita que ainda tem 26 anos e acha muito estranho que uma de suas filhas seja mais velha do que ele."
Nanini conta que o papel da filha mais velha de Otávio seria de Malu Mader, "mas parece que agora será de Débora Bloch". As outras serão vividas por Vivianne Pasmanter e por "uma jovem atriz" de cujo nome ele não lembra.
Confirmados no elenco também estão Cláudio Marzo, Suzana Vieira, Marcos Palmeira e Otávio Augusto.

Passado
O pai de Otávio, Gregório Montana, era um homem poderoso, dono do jornal sensacionalista "Correio Carioca".
Como discordava da linha editorial do periódico, Otávio brigava todo o tempo com seu pai. Mesmo assim, escrevia para o jornal crônicas diárias do tipo "A Vida como Ela É", de Nelson Rodrigues.
Gregório tinha mais afinidade com San Marino (Cláudio Marzo), que, mesmo não sendo seu filho, era considerado como tal e torna-se seu herdeiro.
Otávio e San Marino, apesar das divergências de opinião, sempre se deram bem, até que aparece Eva, uma mulher liberada, sedutora, pela qual os dois se apaixonam. Ela acaba se casando com Otávio.
Numa noite de 1981, Otávio assiste a seu pai ser assassinado. Ele tenta lutar com o assassino, mas é jogado de uma varanda e fica em coma. Esse é o passado de que Otávio terá de se lembrar, quando começa a novela, depois de ter vivido 18 anos absorto.
Pelo menos nos 12 capítulos iniciais, revela Nanini, a única pessoa de quem Otávio se lembrará com exatidão será Eva, que já morreu há três anos, mas ele, obviamente, não sabe. Aos poucos ele vai conseguindo se lembrar dos fatos, mas só até 1968.
"Esse ano é significativo, época marcada pelo regime militar, mas, pelo menos por enquanto, não haverá qualquer referência política na novela. A não ser a de que em algum momento Otávio teria sido preso", disse Nanini.
Ele também conta que San Marino ainda é apaixonado por Eva e mantém em sua casa um quarto fechado onde tem um quadro pintado a óleo com o retrato dela.
"Ele não quer de jeito nenhum que Otávio recupere a memória. Pode apostar que tem uma história aí", disse Nanini.



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