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PRÓXIMA ATRAÇÃO
Depois de sete anos só atuando
em programas especiais, ator
volta na próxima trama das sete
Nanini 'reaprende' a fazer novela
ANNA LEE
da Sucursal do Rio
Otávio -o personagem
de Marco Nanini na próxima novela das sete da Globo, que deve estrear em
março- um jornalista
que depois de sofrer um
acidente fica sem memória
durante 18 anos, é, para o
ator, sinônimo de reaprendizado.
Não só porque, quando
começa a novela, Otávio
está saindo do estado de
inconsciência e precisa
reaprender a viver, redescobrir o mundo. Mas também porque o próprio Nanini está "reaprendendo a
fazer novela".
"Faz muito tempo que
eu não faço, a última foi há
sete anos, "Pedra sobre
Pedra'. O papel está exigindo dupla atenção. A primeira com a composição
do personagem e a segunda, com a forma de distribuir todas as suas nuanças
em dez meses, tempo que
normalmente dura uma
novela", conta Nanini.
"Não se pode chegar
com ansiedade e querer fazer tudo numa cena, senão
fica over. Minha preocupação é essa, não deixar
que fique muito teatral.
Novela não é como um especial, no qual se pode
exagerar porque fica pouco tempo no ar."
Desde a sua última novela, em 92, Nanini tem feito
para a TV apenas especiais.
O último foi "O Auto da
Compadecida", série em
quatro capítulos exibida
na Globo, de 5 a 8 de janeiro. No teatro, desde o fim
de novembro, está em cartaz no Rio com a peça
"Uma Noite na Lua", sobre um escritor anônimo
que se compromete a escrever uma peça em apenas uma madrugada.
A novela foi abandonada
nos últimos sete anos "pela impossibilidade de juntar os três ingredientes necessários para passar tanto
tempo fazendo um só trabalho: bom papel, dinheiro e tabela de gravações
compatível com os outros
compromissos".
"Dessa vez deu para juntar tudo. Principalmente
porque o Euclydes Marinho escreveu o papel para
mim. Otávio é um personagem que tem muita poesia, tem humor, mas também tem um lado romântico", diz Nanini.
"É bom fazer um herói,
porque os vilões estão em
voga há muito tempo. A
verdade é que qualquer
motivo é motivo, quando
se gosta do projeto."
Tem mais. Otávio vai dar
a Nanini a possibilidade de
se divertir, e ele parte do
princípio de que "nenhum trabalho é possível
se não há diversão".
"A diversão está nas
descobertas que o personagem faz. Ele tem que
aprender a conviver com
todas as inovações tecnológicas acontecidas nos últimos 18 anos, como computador e celular", afirma
o ator.
"Também tem o encontro dele com as três filhas.
O engraçado é que Otávio
acredita que ainda tem 26
anos e acha muito estranho que uma de suas filhas
seja mais velha do que
ele."
Nanini conta que o papel
da filha mais velha de Otávio seria de Malu Mader,
"mas parece que agora será de Débora Bloch". As
outras serão vividas por
Vivianne Pasmanter e por
"uma jovem atriz" de cujo nome ele não lembra.
Confirmados no elenco
também estão Cláudio
Marzo, Suzana Vieira,
Marcos Palmeira e Otávio
Augusto.
Passado
O pai de Otávio, Gregório Montana, era um homem poderoso, dono do
jornal sensacionalista
"Correio Carioca".
Como discordava da linha editorial do periódico,
Otávio brigava todo o tempo com seu pai. Mesmo assim, escrevia para o jornal
crônicas diárias do tipo
"A Vida como Ela É", de
Nelson Rodrigues.
Gregório tinha mais afinidade com San Marino
(Cláudio Marzo), que,
mesmo não sendo seu filho, era considerado como
tal e torna-se seu herdeiro.
Otávio e San Marino,
apesar das divergências de
opinião, sempre se deram
bem, até que aparece Eva,
uma mulher liberada, sedutora, pela qual os dois se
apaixonam. Ela acaba se
casando com Otávio.
Numa noite de 1981, Otávio assiste a seu pai ser assassinado. Ele tenta lutar
com o assassino, mas é jogado de uma varanda e fica
em coma. Esse é o passado
de que Otávio terá de se
lembrar, quando começa a
novela, depois de ter vivido 18 anos absorto.
Pelo menos nos 12 capítulos iniciais, revela Nanini, a única pessoa de quem
Otávio se lembrará com
exatidão será Eva, que já
morreu há três anos, mas
ele, obviamente, não sabe.
Aos poucos ele vai conseguindo se lembrar dos fatos, mas só até 1968.
"Esse ano é significativo, época marcada pelo regime militar, mas, pelo
menos por enquanto, não
haverá qualquer referência
política na novela. A não
ser a de que em algum momento Otávio teria sido
preso", disse Nanini.
Ele também conta que
San Marino ainda é apaixonado por Eva e mantém
em sua casa um quarto fechado onde tem um quadro pintado a óleo com o
retrato dela.
"Ele não quer de jeito
nenhum que Otávio recupere a memória. Pode
apostar que tem uma história aí", disse Nanini.
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