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A PODEROSA CHEFONA
Diretora comemora audiência do "Jovens Tardes" e mantém a famosa mão-de-ferro
Marlene Mattos prepara novo programa e filme
Agência O Globo
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Marlene Mattos, que começou como datilógrafa na Globo e hoje dirige um núcleo
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CLEO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
DESDE QUE deixou de ser a eminência parda por trás de Xuxa, em
junho de 2002, Marlene Mattos, como
sempre, seguiu sua intuição. E se deu
bem. Seu programa "Jovens Tardes" -a
despeito das várias críticas negativas- é
líder de audiência nos domingos em que
é exibido e está cotado para a grade definitiva da Globo ainda neste ano.
Mas Marlene já tem engatilhados dois
novos projetos: o de um programa juvenil, o "Naqueles Tempos" (com a fórmula jovens-auditório-provas-musicais) e o
de um filme sobre a figura do cupido, estrelado por Wanessa Camargo, seu xodó
atual.
Aos 53 anos, Marlene não tem do que
reclamar: ocupa um dos principais cargos na hierarquia da Rede Globo (diretora de núcleo), é dona de um patrimônio
de cerca de US$ 20 milhões e recebe um
salário mensal de R$ 55 mil, mais bônus
mensais que podem chegar a R$ 270 mil.
"Só consegui vencer porque tenho
uma garra filha da mãe", diz ela, que assume ter sido "muito rude e grossa" com
algumas pessoas. "Mas não me arrependo de ter gritado com ninguém", conta
ela, que tem fama de durona -e a confirma em dois minutos de convivência.
Perguntada se a idéia original do "Jovens Tardes" era dela, Marlene já mostra
sua navalha: "O que é que você acha?".
Todo cuidado é pouco no terreno arenoso do humor inconstante de Marlene
Mattos. Sobre Xuxa, não gosta de falar.
Mede as palavras. Sai pela tangente. Diz
que não lava roupa suja fora de casa.
"Gostei do programa novo dela ["Xuxa
no Mundo da Imaginação"". Tem umas
cores legais e umas idéias interessantes",
limita-se a dizer.
Seus gritos costumam vir acompanhados de todo um gestual. Não queira vê-la
irritada. Bruscamente, suas narinas se
abrem, seus olhos se arregalam por trás
dos óculos, e tome palavrões e murros na
mesa (num deles, chegou a quebrar a
mão). "Porra, c..., cadê a m... que eu te
pedi?", cobra ela de um atônito assistente.
"É tudo jumento", diz a integrantes de
sua equipe que não fizeram o que ela havia pedido. Outro funcionário é chamado de "mongol", ainda que em tom de
brincadeira. "Na minha equipe, mando
eu!", diz, com ênfase no "eu".
História
"Tenho que ser assim porque nasci muito longe daqui, tinha muita
possibilidade de não chegar aonde cheguei", diz a maranhense de São José do
Ribamar.
Aos quatro anos, sua mãe, a costureira
Odete Mattos Azevedo, foi tentar a vida
no Rio. Ela ficou com a avó e as duas irmãs no Maranhão. Trabalhava no trailer
da família, vendendo bolo, café com leite
e peixe frito. Dez anos depois, juntou-se
à mãe na cidade maravilhosa.
O início da carreira na Globo foi por
acaso. Marlene trabalhava como tesoureira de uma confecção no subúrbio carioca quando um amigo a indicou para
uma vaga de datilógrafa na produção do
"Sítio do Picapau Amarelo".
Resolveu que, à custa de qualquer sacrifício, faria uma carreira profissional
na televisão. "Ela tinha uma capacidade
tão grande que rapidamente passou a
trabalhar em todos os setores", conta Geraldo Casé, diretor do "Sítio" à época.
Os 20 anos de parceria com Xuxa só
serviram para solidificar o talento gerencial de Marlene -uma pessoa que vive
para o trabalho e chega a passar 14 horas
por dia em estúdio. Não levanta nem para comer: de tempos em tempos se serve
numa mesinha de lanche ali mesmo.
Come pão amanhecido, café com leite
e biscoitos. Quando uma assistente,
preocupada com sua alimentação, lhe
trouxe um copo de sopa, Marlene retrucou, com seu jeitão: "Tá horrível. Tira isso daqui."
O clima entre ela e sua equipe, apesar
das broncas homéricas, não é dos piores.
Todos parecem já estar acostumados ao
morde-e-assopra. "Já aconteceu "n" vezes
de ela chamar a minha atenção aos berros, isso é normal", diz Amin Khader,
que tinha um quadro fixo ao lado de David Brazil no extinto "Planeta Xuxa".
Luiza Possi, sua nova aposta, diz que
"graças a Deus" ainda não levou bronca.
"Todo fim de ano eu dou oportunidade a eles de se livrarem de mim", conta
Marlene. "Digo que arrumo outro emprego, dou referências... pergunte se
aceitam?", diz, orgulhosa, a chefona.
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