São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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Xuxa diz que seu novo programa infantil, que estréia amanhã na Globo, será educativo, mas evita comentar o incentivo ao consumismo, à violência e à erotização precoce nas crianças

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MARCELO BORTOLOTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A partir de amanhã, entra no ar na Rede Globo "Xuxa no Mundo da Imaginação", novo programa da apresentadora Xuxa Meneghel destinado ao público infantil. Dirigida por Roberto Talma, a atração será exibida às 9h30 e, em princípio, com duração de 40 minutos. Agora sem a companhia da diretora Marlene Mattos, com quem trabalhou por duas décadas, Xuxa diz que vai investir numa linha educativa. Mas, a exemplo do que fazia quando era assessorada por Marlene, a apresentadora evitou as perguntas polêmicas, tanto na coletiva de lançamento do programa quanto nas respostas por e-mail que enviou ao TV Folha. Ela evitou falar sobre o incentivo dos programas infantis ao consumismo nas crianças e sobre com que idade ela gostaria que a filha Sasha, 4, começasse a se interessar por namorados. Também não quis comentar as diferenças entre trabalhar para o público infantil e para o jovem. Na coletiva, ela já entrou na defensiva: "Espero que vocês me respeitem por tudo que eu já fiz na TV".

Você começou trabalhando com crianças, depois passou por outras etapas, e agora está retornando...
Tem 20 anos que trabalho com criança. E nunca deixei de trabalhar, parei foi de fazer um programa diário. Há dois anos, comecei um programa semanal, e todo mundo sabe o que aconteceu, o programa pegou fogo, e tal. Desde então, eu já estava trabalhando no projeto "Xuxa Só Para Baixinhos 1". Ou seja, não parei de trabalhar para criança nem mesmo nesta época sem o programa diário.
Fiz o filme "Xuxa e os Duendes", que foi um recorde de bilheteria, para crianças, e o "Xuxa e os Duendes 2", que vai ser lançado agora.
De que forma você pretende conduzir este novo programa?
Se eu pudesse resumir numa palavra, eu gostaria de fazer uma revista para criança na televisão que tivesse cara de livro. Ao contrário de como era nos programas infantis que fazia, em que eu aparecia o tempo todo, agora é a criança que vai aparecer. A minha voz vai estar ali, eu vou estar presente, mas sem necessariamente ser a capa da revista.
É verdade que passaram oito diretores pelo programa até sua formatação final?
Houve algum problema na aprovação do projeto junto à Rede Globo?
Não houve dificuldade nenhuma, ao contrário, a Globo tem me ajudado em absolutamente tudo. O que houve sim, e que todo mundo sabe, é que, como eu sou muito metida e sei o que quero, bati o pé em algumas coisas, como por exemplo câmeras que achei que iriam ajudar nas externas. Mas eles me deram os melhores profissionais.
O Mário Lúcio [diretor da Central Globo de Qualidade] e a Marluce [Dias, diretora-geral da emissora] disseram que, se este era meu sonho, era o sonho da Rede Globo também, o que eu quisesse eles também queriam, estas foram as palavras. E se algumas pessoas vieram e não sonharam junto, elas saíram. Não que tenham atrapalhado, elas não sonharam junto comigo e saíram. E outras saíram porque tinham outras coisas para fazer.
Não dá uma insegurança em fazer algo sem a Marlene Mattos?
Eu não estou insegura.
O programa terá um caráter educativo?
Estamos fazendo um trabalho de pesquisa em livros e temos profissionais que já estão nos ajudando. Mas, como eu não sou pedagoga, não estou preparada e nem tenho possibilidade de ensinar às crianças, na hora do a, b e c, quem estará fazendo isso serão os bonecos. Então, o que eu posso fazer é dizer o que gostaria de ver no programa, e, através de orientações de profissionais, eles avaliam a linguagem. Vamos brincar e aprender.
Como você responde aos críticos que acham que você incentiva a erotização precoce nas crianças?
Qual crítico pode ter falado isso? Acho que ele não conhece o meu trabalho.
Como você avalia os estudos que apontam relação entre desenhos animados e comportamento violento das crianças?
O programa não terá desenhos por enquanto. Mas acho que, mais do que os desenhos, a violência está na TV como um todo. Programas mostram tudo isso.



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