da Reportagem Local

Ex-meninos de rua e menores carentes, entre 14 e 19 anos, estarão do outro lado das câmeras. Começa no próximo dia 1º de abril, na TV PUC, o programa "Novolhar", totalmente produzido por esses adolescentes.
O programa irá ao ar sempre na primeira semana de cada mês, veiculado no Canal Universitário (NET, no canal 15; TVA cabo, no canal 15).
O projeto é uma união das atividades do jornalista Paulo Santiago, da Vídeosom Produções, e da psicóloga Gisele Poletto Porto, que trabalha no Projeto Quixote, de orientação profissional, da Escola Paulista de Medicina.
Os coordenadores do "Novolhar" acreditam que o objetivo principal é integrar os meninos na sociedade, desmitificando os meios de comunicação.
"Em novembro, 15 adolescentes foram selecionados para o curso teórico-prático de produção, que começou em dezembro. Eles estão aprendendo a fazer TV e, principalmente, a entrar no mercado de trabalho", afirma.
Segundo ela, os adolescentes participam desde a pauta (roteiro do que deve entrar no programa) até a reportagem e edição. "Os temas, que são sugeridos por eles, devem ser direcionados especificamente para esse público -o jovem carente", diz.

Primeiro programa
No primeiro programa, os temas apresentados serão pichadores, como entrar no mercado de trabalho, capoeira e a "Atitude mais Escrota do Ano".
Esse último quadro, que estará presente em todos os programas, deve virar um especial no final do ano. Os coordenadores do projeto vão instituir um prêmio para o vencedor.
"Até agora, os campeões escolhidos pelos entrevistados têm sido o desemprego e a violência. O que mostra uma politização da população", acredita ela.
O problema inicial é divulgar o programa para o público alvo -o menor carente-, já que o "Novolhar" só é veiculado pela TV paga.
Segundo a coordenadora, fitas de vídeo estarão à disposição de instituições sociais interessadas. "Quando tivermos patrocínio, essa distribuição pode até ser gratuita."

Repórter
Elmar Nilton Aparecido da Cruz, 16, já foi menino de rua e tem até passagem pela Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) por roubo. Hoje, é repórter e apresentador do "Novolhar".
A maior preocupação de Cruz também é o patrocínio. "Com essa verba, os adolescentes que trabalham no projeto poderiam começar a receber. Sem patrocínio não dá", afirma ele, que hoje recebe refeições e transporte por participar do projeto.
"O programa é muito legal, mas minha atividade principal é escrever peças de teatro", afirma Cruz.