São Paulo, Domingo, 28 de Março de 1999
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Rede Record faz remake da primeira telenovela diária brasileira, "2-5499, Ocupado", contando a história de uma jovem presidiária (a meiga Karina Barum) que se apaixona por um rico empresário (Maurício Mattar, que vai até cantar em cena)
Começar de novo

Marlene Bergamo/Folha Imagem
Maurício Mattar e Karina Barum protagonizam 'Louca Paixão'; na trama, se apaixonam, mas não podem ficar juntos, já que ela é uma presidiária


ALEXANDRE MARON
da Reportagem Local

Vai começar tudo de novo. Uma mulher presa injustamente se apaixona por um homem rico, dono de uma revista e, juntos, enfrentam as dificuldades. Essa é a história de "2-5499, Ocupado", ou melhor, "Louca Paixão", novela da Record que estréia na terça, às 20h15.
Em sua segunda produção seguida no horário, a emissora optou por um remake da primeira novela diária exibida no Brasil. A trama original foi ao ar em 1963 na TV Excelsior e contava com 42 capítulos e 13 personagens.
A versão da Record terá 132 capítulos e 28 personagens. "Estamos refazendo uma história com mais de 35 anos com os métodos dos anos 90, com mais personagens e tramas paralelas", afirma Yves Dumont, que também escreveu "Estrela de Fogo".
"A partir dessa atualização que estamos fazendo na trama, é possível mostrar como o veículo mudou durante esse tempo. E rediscutir esse formato que as pessoas dizem estar em crise", completa (leia texto nesta página).
Mas por que um remake dessa novela em especial? Segundo Dumont, a nova trama da emissora é, antes de tudo, um evento de marketing. Para ele, refazer a história da primeira telenovela diária brasileira acabaria por "chamar a atenção".
"Optamos por seguir o figurino do folhetim clássico, com uma mocinha romântica que vai sofrer muito até conseguir o amor do galã", explica Dumont.
A trama traz Karina Barum no papel da presidiária Letícia (Glória Menezes, no original) e Maurício Mattar como André (personagem de Tarcísio Meira).
Eles se conhecem quando Letícia liga por engano para André e os dois começam a conversar, tornando-se amigos. Com medo de contar a André sobre sua condição, ela inventa uma personagem e a batiza de Vera, o mesmo nome de sua colega de cela, interpretada por Suzy Rêgo.
André tentará descobrir a verdade sobre Letícia e usará recursos como aparelhos de localização de chamadas, mas não conseguirá saber a identidade da heroína.
Uma das primeiras grandes reviravoltas da história acontece quando, por volta do capítulo 35, segundo o autor, Vera sai da prisão e leva uma carta de Letícia contando sua história a André. Mas, ao conhecê-lo, decide não entregar a carta e assume o papel da amiga, iniciando um romance.
"Serão momentos difíceis para Letícia, que ficará sozinha na prisão e não saberá porque André não entrou mais em contato com ela", explica o autor.
A situação só começará a se resolver quando Letícia finalmente sair da prisão pela primeira vez, em liberdade condicional, por volta do capítulo 60, e resolver ir ao encontro de Vera. Ela descobrirá que a amiga a traiu e está com André.
Letícia revelará toda a verdade a ele e terá o seu apoio para sair da prisão definitivamente. A trama original acaba neste ponto, mas Dumont deverá mostrar dali até os últimos capítulos a luta de André e Letícia para conseguirem a liberdade e o esperado final feliz.
Como na sinopse está escrito que André é um advogado que desistiu da profissão e tornou-se dono de uma revista, não está descartada a possibilidade de que ele se empenhe em defendê-la pessoalmente num tribunal.
Outra particularidade do personagem interpretado por Maurício Mattar é que André tem uma forte ligação com a música. Assim, além de cantar o tema de abertura da novela, Mattar vai atuar em números musicais na trama.
"Será algo parecido com o que Elvis Presley e Frank Sinatra faziam em seus filmes", explica Mattar. Segundo Dumont, o personagem vai até interpretar ao piano músicas como "New York, New York", de Sinatra.
Pelo menos 30% das cenas de "Louca Paixão" se passarão no interior do presídio onde Letícia está presa. As cenas são gravadas em locação, no presídio do Hipódromo, no Brás (região central de São Paulo), que está desativado, e são dirigidas por Jacques Lagôa.
Para ele, o uso da locação reforça a atmosfera de agonia em que as personagens vivem, além de dar um aspecto realista. "Vamos mostrar que lá as pessoas não têm privacidade. Elas são obrigadas até a ir ao banheiro na frente dos outros", diz.
Mas para Karina Barum, que visitou algumas prisões antes de começar a gravar, há algo de positivo no local. "Acabei descobrindo que o Carandiru é maravilhoso. Digo, em relação a outros presídios, claro", conclui.


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