São Paulo, domingo, 28 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O "REI MIDAS" TAMBÉM ERRA

Divulgação


Jogadas de Silvio Santos às vezes não dão certo

Divulgação
Cena da série "Guerra nas Estrelas", que teve audiência menor que a da "Praça É Nossa"



Além da "Casa 3", que termina hoje, a série "Guerra nas Estrelas", o "Falando Francamen te" e o "reality" "Popstars" não tiveram a audiência esperada


CARLA MENEGHINI
DA REPORTAGEM LOCAL

TODO MUNDO erra na mão de vez em quando. Até mesmo Silvio Santos, aclamado como gênio da TV depois do sucesso da primeira edição de "Casa dos Artistas", que pela primeira vez provocou derrotas do "Fantástico" no domingo.
Ultimamente, as já tradicionais mudanças súbitas na programação ordenadas pelo dono do SBT não têm surtido efeito desejado nos índices do Ibope para a Grande São Paulo. "Casa dos Artistas 3", que termina hoje, é um bom exemplo disso: Silvio misturou fãs e artistas no elenco, escalou Agnaldo Timóteo e Carola Oliveira (que participou pela segunda vez do programa), dois reconhecidos "barraqueiros", e instalou de última hora a regra do empate, que garante a permanência de ambos os concorrentes que estiverem na berlinda . Mas não adiantou: "Casa 3" termina hoje sem esperanças de alcançar os 47 pontos de média na audiência atingidos pela final da primeira "Casa" e com ainda oito participantes na disputa dos prêmios de R$ 400 mil e R$ 100 mil. Cada ponto de audiência equivale a 47 mil domicílios sintonizados na atração na Grande São Paulo. "Para que pudéssemos manter o tempo total do programa, de duas horas, resolvemos limitar a 20 o número de ligações, mesmo quando empatasse", diz Alfonso Autrin, supervisor de "Casa dos Artistas" e superintendente de engenharia do SBT. Até domingo passado, a média de audiência dominical de "Casa 3" era de 27,5 pontos. Na "Casa 2" esse índice foi de 33,2 pontos, e na primeira "Casa", de 43,8 pontos.

Mudanças Outra aposta de Silvio Santos, o "reality show" "Popstars" teve, até semana passada, média 12,4 pontos, 3,2 abaixo do índice médio do horário antes da estréia do programa, em 27 de abril. A substituição do humorístico "A Praça É Nossa" por filmes da série "Guerra nas Estrelas" durante o mês de junho também não aumentou o ibope: os filmes deram média de 12,7 pontos, enquanto a "Praça", transferida temporariamente para as tardes de domingo, costumava alcançar média de 13,1 pontos. A novela "Marisol", adaptação brasileira da trama homônima mexicana, ainda não atingiu a média mensal do Ibope que costumava ser alcançado por "Amor e Ódio", folhetim mexicano que ocupava o horário antes de sua estréia, em abril. "Amor e Ódio" deu média de 14,6 pontos em seu último mês de exibição, e "Marisol", que tem no elenco Bárbara Paz e Alexandre Frota, da "Casa 1", chegou a 13,9 pontos em abril, caiu para 12,3 pontos em maio e rendeu 14,3 em junho. No ar desde maio, o programa vespertino "Falando Francamente" também deixou a desejar em audiência. A média do programa nos três últimos meses é de 6,1 pontos, 3,2 abaixo da média que a emissora conquistava no horário antes da estréia.

Tática "O Silvio [Santos] sempre diz que a guerra contra a Globo não pode ser frontal, mas deve usar táticas de guerrilha: os soldados mudam de posição de acordo com os movimentos do inimigo", conta Arlindo Silva, 73, autor de "A Fantástica História de Silvio Santos", biografia do empresário com quem trabalhou como assessor durante 25 anos.
Para Arlindo, "todas as manobras na programação realizadas por Silvio têm como objetivo acompanhar os movimentos da concorrência".
Um apresentador que trabalhou por anos no SBT -e que teve seu programa mudado de horário várias vezes por ordem de Silvio- diz que todos na emissora têm de se acostumar com isso. Segundo ele, Silvio dava mais importância às planilhas do Ibope do que às suas idéias sobre a produção que conduzia.
Os efeitos das mudanças na programação também atingem os anunciantes. "É comum que Silvio Santos segure um programa sem "break" (intervalo) e só solte quando a concorrente também soltar; isso cria uma situação um pouco chata com o anunciante, que pagou por um determinado horário e, muitas vezes, vê seu anúncio prejudicado", diz o diretor de mídia da agência de publicidade Carioca, Agenilson Santos.
Para o diretor de mídia da DPZ, Flávio Rezende, o SBT melhorou muito nos últimos três anos e já não mexe tanto na grade como fazia. "Na época, Silvio Santos quase perdeu diversos anunciantes por causa disso, e as agências não tinham nem como recomendar o SBT, mas agora ele aprendeu."
O dono do SBT não quis falar com a reportagem. Veja a entrevista com o diretor de programação da emissora, Mauro Lissoni, na página abaixo.



Texto Anterior: Estréia: Eri Johnson e Scheila em "game show"
Próximo Texto: Ele tem "feeling", diz diretor
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.