São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

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Grupos Sony e Bandeirantes começam a produzir versões brasileiras de seriados norte-americanos; a adaptação de "Who's the Boss?", que será protagonizada por ator baiano, é a terceira a ser feita no mundo
Yes, nós temos enlatados

Patrícia Santos/Folha Imagem
O ator Daniel Boaventura, que será o protagonista da versão brasileira de "Who´s the Boss?"


ALEXANDRE MARON
da Reportagem Local

Os seriados "Who's the Boss?" e "Married... with Children" ganham versões brasileiras que começam a ser produzidas em fevereiro no Brasil.
"Married... with Children" é exibida no canal pago Sony de segunda a sexta, às 9h30. "Who's the Boss?" é mostrada no canal pago Warner, às 12h, também de segunda a sexta, com o título traduzido para "Quem É o Chefe?".
"Até que a Morte Nos Separe" é o nome escolhido para a versão nacional de "Married... With Children". "Who's the Boss?" ainda não tem nome definido.
Essas sitcoms (comédia de costumes) serão produzidas no Brasil por uma parceria entre a Rede Bandeirantes e a norte-americana Columbia Pictures. Juntas, as duas companhias criaram uma empresa para produzir programas de TV: a Interativa.
A sede da produtora será inicialmente um estúdio de 1200 m2 na Barra da Tijuca, na zona sul do Rio de Janeiro.
A versão original de "Married... with Children" mostra uma família norte-americana em que o pai, Al Bundy, um vendedor de sapatos, está sendo sempre passado para trás pelos filhos e pela mulher. Foi produzida nos EUA de 1987 a 1997.
A versão brasileira será dirigida por Naum Alves de Souza. Bundy se chamará Zé Pinto e será o gerente de uma sapataria localizada numa galeria da Tijuca, bairro da zona norte do Rio de Janeiro.
Já "Who's the Boss?", produzida de 1984 a 1992, nos EUA, e exibida em mais de 90 países, conta a história de um ex-esportista viúvo e desempregado que começa a trabalhar como babá do filho de uma executiva divorciada.
Protagonizado nos EUA por Tony Danza, no Brasil o personagem central de será encarnado pelo ator baiano Daniel Boaventura.
No Brasil, ele será Kiko, um ex-jogador de futebol do Bangu, time carioca, que se machuca e é obrigado a abandonar a carreira. Ele fica viúvo e cria a filha sozinho. Desempregado, Kiko vira babá do filho menor de uma executiva divorciada. A direção será de Walter Lima Jr ("Anjos do Arrabalde").
"Who's the Boss?" já ganhou versões em outros países. Foi recriada na Inglaterra e na Alemanha e deve ser refeita também na Espanha e na Argentina. Na Inglaterra, por exemplo, o seriado se chamou "The Upper Hand" e durou seis anos, de 90 a 96.
A encomenda inicial feita pela Bandeirantes foi de 52 episódios de cada sitcom. As datas de exibição dos programas na emissora ainda não foram definidas. As estréias podem ocorrer em março ou abril.

Estratégia global
Produzir essas sitcoms no Brasil é parte da estratégia global da Columbia Pictures, do megagrupo Sony. Ela tem hoje pelo menos 15 núcleos de produção em diferentes estágios de desenvolvimento espalhados pelo mundo (veja quadro abaixo).
O conglomerado formado pela Columbia e pela Sony aproveita velhos programas de TV reciclando-os em adaptações feitas para outras línguas.
O investimento da associação no Brasil, segundo Johnny Saad, vice-presidente da Rede Bandeirantes, é da ordem de cerca de US$ 8 milhões, dividido igualmente entre a emissora e a Columbia.
A estratégia está sendo usada até mesmo dentro dos EUA, onde foram gravadas as versões originais dos seriados.
A rede norte-americana do grupo Sony, Telemundo, que exibe programas em espanhol, estreou na última segunda uma versão do clássico dos anos 70 "As Panteras", agora chamado "Angeles". Desde novembro, exibe "Reyes y Rey", versão de "Starsky e Hutch".
Os episódios são gravados em Miami e no México com elenco de argentinos e mexicanos. O público latino soma nos EUA 30 milhões, tornando a Telemundo a quinta rede do país, atrás de NBC, CBS, ABC e Fox.
"A Columbia percebeu que os espectadores procuram programação que reflita sua cultura", afirma Iona de Macedo, vice-presidente de produção da empresa para a América Latina.
"Há muitos canais de TVs aberta e paga no mundo. Ou a produção aumenta ou não teremos material bom para exibir", afirma Saad, da Band.
Mas nem sempre a saída é adaptar. Na Índia, que costuma rejeitar produções externas, o estúdio foi obrigado a preencher sua programação com idéias originais.
Quando cria esses centros de produção, a Columbia envia produtores que tentam adaptar a forma de trabalho norte-americana à local. Dan McCaffrey, 35, é um deles.
"Nós tentamos não impor nossa forma de produzir e sim nos adaptar às necessidades locais", explica. Ele já produziu programas na Alemanha, Índia e México.
A Interativa planeja produzir seriados originais, mas, segundo McCaffrey, na fase inicial, adaptar é necessário para treinar os redatores na utilização dessa fórmula.
Sitcoms são programas que usam poucos cenários e têm platéia, que ri das piadas.




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