Claudio Capucho

Vidro de carro da prefeitura de São José quebrado por uma pedrada em tumulto no centro da cidade; no painel, óculos do fiscal

ANA CRISTINA ANDRADE
free-lance para a Folha Vale

O primeiro dia de fiscalização contra perueiros clandestinos de São José dos Campos sem o auxílio da Polícia Militar terminou ontem com três veículos depredados e um motorista ferido.
Durante a blitz, um perueiro foi detido. Os tumultos ainda causaram congestionamentos na região central da cidade.
Com os tumultos de ontem, já são três ocorrências envolvendo perueiros clandestinos e a prefeitura desde quarta-feira, quando um Gol da prefeitura teve os vidros quebrados na avenida Princesa Isabel.
Há dois meses, época em que a PM ajudava nas fiscalizações, não havia conflitos em São José.
A Secretaria dos Transportes aumentou ontem as equipes de fiscalização de três para cinco, mas os fiscais alegam que os perueiros não se intimidam sem a presença policial.
Ontem à tarde, em frente da rodoviária velha, um Corsa da fiscalização foi apedrejado e teve a placa arrancada.
O agente fiscal André Marcos de Lima teve seus óculos arrancados, ficando com escoriação no rosto.
O agressor retirou a chave do contato do Corsa e fugiu. Na confusão, um ônibus que faz a linha Putim-Tecnasa teve o vidro lateral quebrado por uma pedrada. Nenhum dos 15 passageiros ficou ferido.
Uma testemunha que não quis se identificar disse que alguns perueiros estavam na praça desde as 13h provocando os fiscais.
"De repente, o carro da fiscalização parou e vieram mais de 20 pessoas em cima do motorista chutando o carro e arrancando a placa. Se ele não tivesse saído rápido teria apanhado bastante", disse.
"Tem de quebrar tudo mesmo, porque não somos liberados para trabalhar. Queremos ganhar nosso pão", disse o perueiro Severino Lopes Batista, 35, que acumula R$ 30 mil em multas e confirma não temer a fiscalização.
Na blitz realizada na avenida José Longo, o perueiro Iranildo Barbosa Calado foi detido e teve o vidro dianteiro da sua Kombi quebrado durante desentendimento com a fiscalização. Barbosa disse em depoimento que o vidro foi destruído pela arma de um guarda municipal. O perueiro foi acusado de desobediência.
Os fiscais municipais negaram ter quebrado o vidro do veículo.
Barbosa foi preso no dia 6 de dezembro do ano passado, com mais seis perueiros, por ter sido reconhecido por cobradores e motoristas de ônibus coletivos como um dos suspeitos de queimar três ônibus em São José dos Campos.


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