São José dos Campos, Sexta, 5 de março de 1999

Próximo Texto | Índice

EFEITOS DA CRISE
Índice é "termômetro' da falta de vagas na cidade; prefeitura resolve criar frente de trabalho para 400
Pedido de seguro cresce em São José

Claudio Capucho/Folha Imagem
Funcionários demitidos da Kaiser, em Jacareí, montam acampamento em protesto em frente à empresa


da Folha Vale

O número de desempregados que moram em São José e solicitaram seguro-desemprego no primeiro bimestre deste ano superou em 51,32% o total de pessoas que deram entrada no benefício, incluindo de outros municípios, no mesmo período de 98.
Entre janeiro e fevereiro, 4.048 trabalhadores de São José protocolaram o pedido. No ano passado, foram 2.675 solicitações feitas na cidade, incluindo ex-funcionários de empresas da região.
O seguro é considerado como um dos "termômetros" para medir a falta de vagas.
O desemprego vem apresentando aumento desde o final do ano passado devido à crise econômica, agravada pela desvalorização do real, o que levou a Prefeitura de São José a anunciar ontem a criação de frentes de trabalho.
Segundo o prefeito Emanuel Fernandes (PSDB), o projeto prevê a contratação de 400 funcionários temporários como alternativa emergencial. O município tem 43 mil desempregados, segundo balanço divulgado pela administração em 98 e utilizado até hoje.
A prefeitura também deverá enviar à Câmara três projetos de lei prevendo a adoção de outras medidas para tentar minimizar o problema.
Na região, as solicitações do seguro registradas nos dez postos do Ministério do Trabalho, que atendem 39 cidades, mostram um aumento de 115,65% em janeiro de 99 comparado ao mesmo mês de 98.
Foram 6.957 solicitações no primeiro mês do ano. O balanço de fevereiro só deverá estar concluído na próxima semana. Em janeiro de 98, foram 3.226 pedidos.
Só nas duas últimas semanas foram 214 demissões em três empresas, incluindo os 59 funcionários da Kaiser, em Jacareí.
Como forma de protesto, um grupo de demitidos está acampado em frente à empresa desde anteontem.

Desilusão
"Eu vim com a esperança de dar entrada no seguro, mas não tenho direito", disse o mecânico de manutenção José Silvério de Lima.
Ele ficou empregado apenas um mês e meio na última empresa e, por isso, não teve direito ao benefício. Nem entrou nas estatísticas.
Só tem direito ao seguro quem trabalhou pelo menos seis meses registrado e foi demitido.
O benefício é pago de três a cinco meses e as parcelas variam entre R$ 130 e R$ 243,24. "O seguro ajuda porque o desemprego atinge mais a classe baixa. Espero arrumar outro emprego logo e não precisar receber todas as parcelas", disse o auxiliar de serviços gerais Félix Amilton de Paula, que deve usar o dinheiro para manter os gastos de sua casa.

Metalúrgicos
"São José está sendo castigada porque o desemprego atinge mais a indústria automobilística e o setor de autopeças", disse Wazdat de Oliveira, técnico da subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
De acordo com o órgão, o número de metalúrgicos empregados em São José caiu 8,04% entre setembro e dezembro do ano passado, atingindo o nível mais baixo desde abril de 96.
Já o assessor técnico e de planejamento da Secretaria do Desenvolvimento Econômico de São José, Agliberto Chagas, discorda e diz que a taxa de desemprego tem se mantido estável na cidade.
"Muitas vagas também têm sido abertas pelas empresas."



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.