São José dos Campos, Quinta-feira, 06 de Janeiro de 2000


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ANO NOVO, DRAMA VELHO
Polícia programou comboios para a noite; feridos chegam a 103 e 3.000 deixaram as casas
Campos fica mais de 27 horas isolada; dez pessoas estão desaparecidas

Roosevelt Cássio/ Folha Imagem
Bombeiros procuram corpos sob escombros no morro do Britador, um dos bairros mais atingidos pelos deslizamentos de terra


JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ALEXANDRA PENHALVER

enviados a Campos do Jordão

A cidade de Campos do Jordão, uma das mais afetadas no Estado pelas chuvas e que registrou três mortes, estava isolada a mais 27 horas até o início da noite de ontem.
Desde as 16h de anteontem até as 19h de ontem, os acessos à cidade estavam fechados devido a deslizamentos de terra e pedra.
Ontem, apenas caminhões com alimentos, medicamentos e carros de emergência entraram ou saíram da cidade.
À noite, a Polícia Rodoviária Estadual decidiu realizar comboios para organizar a descida e a subida de veículos na rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro (SP-123).
Os comboios desceriam de Campos às 20h, 22h e 0h. Para subir, os horários seriam às 20h30, 22h30 e 0h30. O DER deve tentar explodir hoje com dinamite várias pedras que caíram na SP-123.
Dez pessoas estavam desaparecidas. As autoridades consideram que elas podem estar sob os escombros dos desmoronamentos de casas registrados anteontem.
Uma pessoa, que estava soterrada no bairro Santo Antonio, já era considerada morta por um familiar que estava na casa quando houve o desabamento, mas as autoridades não confirmavam.
O Corpo de Bombeiros suspendeu as buscas por volta das 17h30 devido a novas ameaças de deslizamento. O corpo de uma mulher foi encontrado ontem pela manhã no rio Capivari, mas a polícia não havia confirmado a relação da morte com as chuvas.
O número de famílias que deixaram suas casas devido ao risco de deslizamento chegava a 3.000.
A prefeitura havia contabilizado 103 feridos e 346 casas destruídas.
Segundo o prefeito Oswaldo Gomes (PSDB), o número pode variar entre 600 e mil casas.
Até ontem à tarde, 1.489 pessoas estavam abrigadas em escolas e ginásios. Nos abrigos, faltava quase tudo, de mamadeiras a leite, roupas, colchões e alimentos.
O volume de chuvas em Campos foi de 476,35 mm entre o dia 1º até as 4h de ontem.
Um total de 600 pessoas trabalhavam na retirada de famílias.
A Defesa Civil e o Exército percorreram os bairros afetados intimando as famílias a deixarem as casas ameaçadas. Geólogos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que sobrevoaram a cidade avaliam que a maior parte das famílias não voltará para casa.



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