São José dos Campos, Quinta-feira, 06 de Julho de 2000


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INDÚSTRIA
Empresas da área de tecnologia de São José formam consórcio para aumentar eficiência e obter contratos
"Pool" aeroespacial disputa US$ 168 mi

Roosevelt Cássio/Folha Imagem
O diretor-executivo da Espacial S/A, Paulo Alexandre Ferreira, mostra um quadro em seu gabinete


VÂNIA CARVALHO
DA FOLHA VALE

Um consórcio formado por 12 empresas do setor de tecnologia, 8 delas de São José dos Campos, criou uma nova firma, a Espacial S.A., para disputar contratos de fornecimento de equipamentos para satélites, lançadores e foguetes no mercado brasileiro e no exterior.
A intenção do consórcio é disputar os contratos do programa espacial brasileiro, que prevê investimentos de US$ 168 milhões, e a exportação.
Além das empresas de São José, a parceria envolve duas de São Paulo e duas do Rio Grande do Sul. Hoje, elas atuam como fornecedoras do setor aeronáutico e de defesa.
Todas elas já atuaram na área espacial. As acionistas da Espacial trabalharam juntas no projeto do satélite brasileiro Cbers.
A Espacial vai atuar como uma agência integradora, na prospecção de investimentos. Os contratos firmados serão repassados aos acionistas, em uma espécie de subcontratação.
O presidente da Espacial, César Celeste Ghizoni, disse que a criação do consórcio é uma forma de fortalecer o setor e significa uma tendência dentro da área espacial.
"Na Europa, atualmente só existe uma empresa da área espacial", disse Ghizoni.
As empresas que formam a Espacial são as gaúchas Aeroeletronica e Digicon e as paulistas Eletra, Fundação Atech, Mectron, Cenic, Compsis, Equatorial, Fibraforte, Avibras, Akaer e a Neuron Eletrônica.
Entre as paulistas, apenas a Eletra e a Fundação Atech não são de São José dos Campos.
Caso concentre mais de 20% do mercado do setor de tecnologia, a formação do consórcio vai depender da aprovação da SDE (Secretaria da Defesa Econômica), do Ministério da Justiça, a SAE (Secretaria do Acompanhamento Econômica), ligada à Fazenda, e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Ghizoni disse que a empresa vai competir com as estrangeiras, buscando oferecer produtos específicos de alta tecnologia.
Segundo ele, o mercado externo será uma alternativa à sazonalidade do programa espacial brasileiro.
A Espacial pretende se beneficiar dos acordos de cooperação tecnológica firmados pelo Brasil com outros países.
Os acordos devem servir para apresentar os produtos e a tecnologia brasileira para novos mercados no exterior.
Países emergentes ou de Terceiro Mundo são apresentados como os potenciais compradores, principalmente no desenvolvimento de satélites e lançadores de mísseis.
O executivo, que pertencia à empresa Equatorial, de São José dos Campos, afirmou que o consórcio não teme sofrer restrições do Cade. "Não há reserva de mercado no Brasil", disse.
O diretor-executivo da Espacial, Paulo Alexandre Ferreira, disse que a união das empresas não representa a formação de um cartel na área de tecnologia.
Segundo ele, a competição na área continua. Ferreira afirmou que a Embraer, a maior exportadora brasileira, atua também no setor espacial.
A Embraer é hoje a principal fornecedora do projeto brasileiro da estação espacial internacional.
O contrato tem prazo até o ano de 2003 e chega a US$ 100 milhões. A empresa aeronáutica vai produzir partes da estação. O projeto é realizado pelo Brasil e mais 15 países e tem como data para conclusão o ano de 2004.
O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, projeta gastar, até 2009, US$ 163 milhões em satélites.
Além deles, deve ser encomendado uma parte brasileira da estação espacial, que, já em outubro próximo, deve gerar um pedido de equipamentos estimado em, no mínimo, US$ 23 milhões.


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