São José dos Campos, Segunda, 7 de junho de 1999

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334 fogem do Putim
Claudio Capucho/Folha Imagem
Fachada da cadeira do Putim


da Folha Vale

A Cadeia Pública de São José dos Campos, conhecida como do Putim, registrou ontem a fuga de 334 presos -a maior já registrada no Estado de São Paulo.
O delegado regional do Vale do Paraíba, Antônio Carlos Gonçalves da Silva, disse que a fuga ocorreu após a rendição de um carcereiro no interior da cadeia, feita por presos armados.
A versão inicial passada à Polícia Militar pela carceragem era que oito homens fortemente armados com fuzis, pistolas e revólveres, haviam rendido os carcereiros e invadiram o estabelecimento penitenciário, passando a abrir as celas, por volta das 18h.
Os detentos teriam saído correndo e fugiram em direção ao mato em torno da cadeia, para os bairros Putim e São Judas e para rodovia dos Tamoios e Carvalho Pinto.
Os policiais militares tomaram precauções extras nas margens das estradas devido ao movimento de retorno dos turistas que voltavam do litoral norte devido ao feriado prolongado de Corpus Christi.
A fuga recorde no local até então aconteceu no dia 2 de novembro de 97, quando 197 dos 328 presos dominaram os funcionários de plantão e saíram pelo portão da frente (leia texto nesta página).
Segundo o cabo Antonio Carlos Rodrigues, da PM, foram solicitados reforços do policiamento aéreo e da Polícia Rodoviária, além da procura com cachorros. "A nossa estimativa é que havia 485 presos na cadeia", disse.

Morte
A PM informou que teria havido uma morte no bairro São Judas que poderia ter relação com a fuga.
Policiais militares e civis fizeram um cerco nas proximidades da cadeia, impedindo a passagem de pessoas e de carros. Os presos estariam realizando assaltos em casas da região, roubando carros e fazendo algumas pessoas como reféns. Houve troca de tiros no local.
De acordo com Rodrigues, a PM deslocou um efetivo de cerca de 120 homens -com reforço de cidades vizinhas- nas buscas dos fugitivos. Até as 21h, 13 detentos haviam sido recapturados.
A Folha não conseguiu falar com o diretor da cadeia, Gilmar Guarnieri. O delegado-seccional Carlos Eduardo Silveira Martins não deu maiores informações por volta das 20h45 porque ainda estava tomando conhecimento da situação.

Ação
A Folha apurou que o grupo chegou ao portão da cadeia e um de seus integrantes chamou um carcereiro para pedir uma informação. O funcionário foi rendido e feito refém, permitindo a entrada da quadrilha no estabelecimento. Eles teriam levado algumas armas que estavam no interior da cadeia.
Segundo o delegado regional do Vale do Paraíba, Antônio Carlos Gonçalves da Silva, a fuga teria acontecido depois que um preso pediu para atender um outro detento que estava passando mal. "Os presos tinham uma arma na cela e o carcereiro foi rendido. A partir daí, eles abriram as outras celas e fugiram pela frente."
Silva acredita que tenha ocorrido falha humana. "Houve uma desatenção na hora do atendimento."
Ele afirmou não saber como a arma entrou na cadeia. "Vamos abrir uma sindicância para apurar as responsabilidades e circunstâncias do ocorrido", disse.
O delegado informou que, no momento da fuga, estavam trabalhando 17 carcereiros. A Polícia Civil enviou um reforço de pelo menos 60 homens para auxiliar nas buscas.
Cerca de sete pessoas feridas a bala foram encaminhadas ao Pronto-Socorro da Vila Industrial.
Funcionários do hospital não souberam dizer se os feridos eram fugitivos ou vítimas das ações dos presos nas proximidades da área.
O delegado regional afirmou que as buscas iriam continuar durante a noite e a madrugada.
Os presos recapturados estavam sendo levados de volta à cadeia. A Delegacia Regional e o Ministério Público de São José estão investigando possíveis irregularidades no funcionamento da cadeia (leia texto nesta página).

Segurança máxima
Quando foi inaugurada, em 95, o estabelecimento era considerado de segurança máxima. Uma rebelião ocorrida em 96 destruiu praticamente todo o prédio. O sistema de segurança elétrica foi todo danificado.
A cadeia foi construída para abrigar 502 presos.
Em 98, a cadeia passou por uma reforma. A reinauguração aconteceu no final do ano.



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