São José dos Campos, Sábado, 12 de Fevereiro de 2000


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EDUCAÇÃO
Pesquisa da Udemo mostra que violência escolar se estabiliza, mas ações das gangues preocupam
Droga atinge 41% das escolas do Vale


JOSÉ BENEDITO DA SILVA
da Folha Vale

Pesquisa da Udemo divulgada ontem revela que 41,67% das escolas estaduais do Vale do Paraíba registram problemas com o tráfico ou consumo de drogas nas imediações dos estabelecimentos.
Os números -referentes a 99- mostram ainda que 20,83% afirmam conviver com o problema dentro das escolas.
Em 98, em outra pesquisa da Udemo (Sindicato dos Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo), 10,65% dos diretores citaram o tráfico dentro da escola. O tráfico nas imediações não foi citado.
A entidade realizou a pesquisa em todo o Estado de São Paulo. No Vale, foram enviados questionários para as 430 escolas. Dessas, 31 responderam, sendo que 77% delas disseram já ter sofrido alguma violência.
O índice coloca o Vale na quinta posição entre as 11 regiões pesquisadas, junto com Marília e Ribeirão Preto (leia texto nesta página).
Excluindo os crimes contra o patrimônio (depredações, pichações, arrombamentos e outros), o tipo de violência mais citado foram as brigas envolvendo alunos e estranhos (58,33%).
Também foram citadas pelas escolas, entre outros, a explosão de bombas (33,33%), furtos (33,33%), ameaças de morte (29,17%), uso de armas por alunos (25%), invasão de estranhos (20,83%) e tiroteio (12,5%).
"A violência nas escolas está estabilizada, mas há um recrudescimento das ações de gangues e, com elas, as pichações e o tráfico de drogas", disse o delegado-seccional de São José, Roberto Monteiro de Andrade Júnior.
Em 98, 78% das escolas do Vale disseram à Udemo ter sofrido algum tipo de violência, praticamente o mesmo índice de 99.
"O que está ocorrendo é uma variação do tipo de violência", diz o presidente da Udemo, Roberto Leme. "Uma das ocorrências que mais aumentaram no Estado foi a de brigas. Estão se formando muitas gangues", disse.
Para Leme, as gangues abrem caminho para o tráfico de drogas, a venda de armas, as brigas e a depredação do patrimônio.
Para ele, só a comunidade pode resolver o problema. "A violência diminui quando a sociedade toma conta da escola", disse.
Para a Secretaria de Estado da Educação, a pesquisa não reflete a realidade -o universo pesquisado seria pouco significativo.
A secretária da Educação, Rose Neubauer, disse, por meio de sua assessoria, que a "violência não está só na escola, está nas ruas".
A opinião é a mesma do tenente-coronel Celso Carlos de Camargo, comandante da PM em São José. "Não há como a escola ser uma ilha. Se há violência lá fora, há violência lá dentro, também", disse.




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