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EDUCAÇÃO
Pesquisa da Udemo mostra que violência escolar se estabiliza, mas ações das gangues preocupam
Droga atinge 41% das escolas do Vale
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
da Folha Vale
Pesquisa da Udemo divulgada
ontem revela que 41,67% das escolas estaduais do Vale do Paraíba registram problemas com o
tráfico ou consumo de drogas nas
imediações dos estabelecimentos.
Os números -referentes a
99- mostram ainda que 20,83%
afirmam conviver com o problema dentro das escolas.
Em 98, em outra pesquisa da
Udemo (Sindicato dos Especialistas de Educação do Magistério
Oficial do Estado de São Paulo),
10,65% dos diretores citaram o
tráfico dentro da escola. O tráfico
nas imediações não foi citado.
A entidade realizou a pesquisa
em todo o Estado de São Paulo.
No Vale, foram enviados questionários para as 430 escolas. Dessas,
31 responderam, sendo que 77%
delas disseram já ter sofrido alguma violência.
O índice coloca o Vale na quinta
posição entre as 11 regiões pesquisadas, junto com Marília e Ribeirão Preto (leia texto nesta página).
Excluindo os crimes contra o
patrimônio (depredações, pichações, arrombamentos e outros), o
tipo de violência mais citado foram as brigas envolvendo alunos
e estranhos (58,33%).
Também foram citadas pelas
escolas, entre outros, a explosão
de bombas (33,33%), furtos
(33,33%), ameaças de morte
(29,17%), uso de armas por alunos (25%), invasão de estranhos
(20,83%) e tiroteio (12,5%).
"A violência nas escolas está estabilizada, mas há um recrudescimento das ações de gangues e,
com elas, as pichações e o tráfico
de drogas", disse o delegado-seccional de São José, Roberto Monteiro de Andrade Júnior.
Em 98, 78% das escolas do Vale
disseram à Udemo ter sofrido algum tipo de violência, praticamente o mesmo índice de 99.
"O que está ocorrendo é uma
variação do tipo de violência", diz
o presidente da Udemo, Roberto
Leme. "Uma das ocorrências que
mais aumentaram no Estado foi a
de brigas. Estão se formando
muitas gangues", disse.
Para Leme, as gangues abrem
caminho para o tráfico de drogas,
a venda de armas, as brigas e a depredação do patrimônio.
Para ele, só a comunidade pode
resolver o problema. "A violência
diminui quando a sociedade toma conta da escola", disse.
Para a Secretaria de Estado da
Educação, a pesquisa não reflete a
realidade -o universo pesquisado seria pouco significativo.
A secretária da Educação, Rose
Neubauer, disse, por meio de sua
assessoria, que a "violência não
está só na escola, está nas ruas".
A opinião é a mesma do tenente-coronel Celso Carlos de Camargo, comandante da PM em
São José. "Não há como a escola
ser uma ilha. Se há violência lá fora, há violência lá dentro, também", disse.
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