São José dos Campos, Sábado, 12 de junho de 1999

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RESGATE
Primos, de 10 e 15 anos, ficaram perdidos após terem saído para procurar cavalos; milho foi a alimentação
Polícia acha crianças em mata após 6 dias

KAREN GOBBATTO
enviada especial a Cunha

Depois de seis dias perdidos na mata atlântica, os primos Daniel Aires Pimenta Filho, 15, e Luiz Fernando Monteiro de Araújo, 10, foram encontrados, por volta das 9h30 de ontem, em um local de difícil acesso no Núcleo Parque Estadual Cunha-Indaiá, em Cunha.
Os dois estavam com ferimentos pelo corpo provocados pelos galhos das árvores. Luiz Fernando está com dificuldades para andar devido a ferimentos na perna.
De acordo com o comandante da 2ª Companhia da Polícia Militar Florestal, José Carlos de Campos, eles precisaram ser carregados para sair do local porque estavam com as pernas enrijecidas devido ao frio. Durante a noite, a temperatura na mata chega a 0C.
A região onde os meninos estavam fica a cerca de uma hora e meia, a pé, da estrada Cunha-Parati. Os dois moram em Mogi das Cruzes e se perderam ao tentar buscar alguns cavalos que estavam perto de uma mata conhecida como Sertão do Palmital.
O local fica próximo à casa do avô dos dois garotos, que não estava no sítio. "Só fomos perceber que estávamos perdidos quando chegamos no rio. Já era noite. Fiquei com medo, principalmente nos três primeiros dias. Rezei muito", disse Luiz Fernando, que está com a perna machucada.
Os meninos foram encontrados descalços, molhados e debilitados. Na mata, eles comeram durante os seis dias apenas uma espiga de milho, que haviam levado para os cavalos, e tomaram água.
Uma manta, que também tinha sido levada para colocar nos cavalos, foi usada à noite, mas ela ficou molhada pela chuva.
Luiz Fernando disse que teve medo dos animais selvagens e chegou a pensar que ele e seu primo não seriam mais encontrados.
Segundo ele, os dois não teriam andado muito após perceber que estavam perdidos. Pararam perto de um rio, onde dormiam à noite.
Durante os dias que ficaram perdidos, eles afirmaram que sentiram medo, rezaram e gritaram muitas vezes para tentar chamar a atenção de alguém.
Quando viram os policiais florestais, os dois disseram ter sentido medo. Eles pensavam que os homens eram caçadores.



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