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CAMPO MINADO
Principal característica da obra é ser uma coletânea de depoimentos de lideranças ligadas ao movimento na região
Livro conta a história do MST no Vale
DA FOLHA VALE
Quase sete anos após a primeira
ocupação de terras no Vale do Paraíba, o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra)
vira tema de livro que pretende
discutir a atuação da organização
na região.
O livro "A Reforma Agrária no
Vale do Paraíba" foi escrito por
Carlos Donbosco de Assis, professor militante do movimento, de
São Bento do Sapucaí.
Mais do que um debate, a obra é
uma coletânea de depoimentos, o
maior deles de Gilmar Mauro,
coordenador nacional do movimento, que usa 28 das 132 páginas
do livro para falar sobre a atuação
do MST no país.
Entre outros, registram suas impressões o coordenador do PT no
Vale, José Luiz Gonçalves, os vereadores petistas Mauro Kano
(São José) e José Carlos Diogo (Jacareí) e sindicalistas como Ernesto Gradella e Antonio Donizete
Ferreira (ambos ligados ao PSTU
e aos metalúrgicos).
Também dão seus depoimentos
lideranças religiosas como o padre Rogério Augusto das Neves,
assessor da comissão sociopolítica da Diocese de São José, e nomes do MST no Vale, como Valdir Nascimento, o "El Che", líder
do Assentamento Conquista, em
Tremembé, e Manoel de Souza
Neto, morto em outubro, em Suzano, a golpes de foice.
O tom dos depoimentos é que o
MST conseguiu demonstrar, por
meio das ocupações, que há terra
improdutiva na região e enfrentar
a resistência de setores contrários
à reforma agrária.
Para ilustrar a resistência conservadora, o livro lembra de sentença de reintegração de posse de
uma área ocupada por 120 famílias em Putim, onde o juiz afirma
não querer ver "nenhum sem-terra perto de sua comarca".
Só para levar a liminar, foram
mobilizados 106 policiais militares e três oficiais de Justiça. Na
reintegração, foram utilizados
750 homens da PM.
Hoje, o MST tem um assentamento no Vale -o Conquista
(Tremembé), que foi o primeiro
feito por FHC no seu governo, em
97- e dois acampamentos, nas
fazendas Cataguá (Taubaté) e
Santa Rita (São José), que somam
cerca de 4.900 hectares de terra.
Apesar de o livro ter sido lançado no final da semana passada,
entre a conclusão e a impressão
ocorreram fatos importantes envolvendo o MST, que não foram
incluídos (apenas tratados em nota do autor no início do livro).
Entre eles, a realização de duas
marchas -uma delas, durante a
reintegração de posse da fazenda
Santana do Rio Abaixo, em Jacareí, fechou a Dutra- e a prisão de
19 integrantes do movimento
(durante a ocupação da fazenda
Santa Clara, em São José).
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