São José dos Campos, Domingo, 17 de Dezembro de 2000

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CAMPO MINADO
Principal característica da obra é ser uma coletânea de depoimentos de lideranças ligadas ao movimento na região
Livro conta a história do MST no Vale



DA FOLHA VALE

Quase sete anos após a primeira ocupação de terras no Vale do Paraíba, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) vira tema de livro que pretende discutir a atuação da organização na região.
O livro "A Reforma Agrária no Vale do Paraíba" foi escrito por Carlos Donbosco de Assis, professor militante do movimento, de São Bento do Sapucaí.
Mais do que um debate, a obra é uma coletânea de depoimentos, o maior deles de Gilmar Mauro, coordenador nacional do movimento, que usa 28 das 132 páginas do livro para falar sobre a atuação do MST no país.
Entre outros, registram suas impressões o coordenador do PT no Vale, José Luiz Gonçalves, os vereadores petistas Mauro Kano (São José) e José Carlos Diogo (Jacareí) e sindicalistas como Ernesto Gradella e Antonio Donizete Ferreira (ambos ligados ao PSTU e aos metalúrgicos).
Também dão seus depoimentos lideranças religiosas como o padre Rogério Augusto das Neves, assessor da comissão sociopolítica da Diocese de São José, e nomes do MST no Vale, como Valdir Nascimento, o "El Che", líder do Assentamento Conquista, em Tremembé, e Manoel de Souza Neto, morto em outubro, em Suzano, a golpes de foice.
O tom dos depoimentos é que o MST conseguiu demonstrar, por meio das ocupações, que há terra improdutiva na região e enfrentar a resistência de setores contrários à reforma agrária.
Para ilustrar a resistência conservadora, o livro lembra de sentença de reintegração de posse de uma área ocupada por 120 famílias em Putim, onde o juiz afirma não querer ver "nenhum sem-terra perto de sua comarca".
Só para levar a liminar, foram mobilizados 106 policiais militares e três oficiais de Justiça. Na reintegração, foram utilizados 750 homens da PM.
Hoje, o MST tem um assentamento no Vale -o Conquista (Tremembé), que foi o primeiro feito por FHC no seu governo, em 97- e dois acampamentos, nas fazendas Cataguá (Taubaté) e Santa Rita (São José), que somam cerca de 4.900 hectares de terra.
Apesar de o livro ter sido lançado no final da semana passada, entre a conclusão e a impressão ocorreram fatos importantes envolvendo o MST, que não foram incluídos (apenas tratados em nota do autor no início do livro).
Entre eles, a realização de duas marchas -uma delas, durante a reintegração de posse da fazenda Santana do Rio Abaixo, em Jacareí, fechou a Dutra- e a prisão de 19 integrantes do movimento (durante a ocupação da fazenda Santa Clara, em São José).


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