São José dos Campos, Domingo, 21 de fevereiro de 1999

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ECONOMIA
Nos últimos dez anos, segundo a prefeitura, mão-de-obra do setor industrial cai da casa dos 50% para os 20%
Serviço substitui indústria em S. José

MARCELO PEDROSO
da Folha Vale

Em um período de dez anos, o perfil econômico de São José dos Campos sofreu uma inversão radical. Hoje, 51% da mão-de-obra está concentrada no setor de serviços e 24% na área industrial -percentuais que estavam em situação oposta no final da década de 80.
Os dados são da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico. Só no setor hoteleiro, dez empreendimentos estão sendo planejados ou já estão em fase final, o que representa um investimento em torno de R$ 50 milhões.
O Sinhores (Sindicato dos Bares, Hotéis e Restaurantes) de São José estima que serão gerados nos próximos quatro anos entre 8.000 e 10 mil empregos no setor.
"Temos 1,7 milhão de consumidores no Vale, litoral norte e sul de Minas. As empresas têm muitos técnicos de fora sendo treinados aqui. Tudo isso gera uma demanda na área de negócios e lazer", afirmou o assessor de Planejamento Estratégico e Informações da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Agliberto Chagas.
Segundo ele, somente nos últimos dois anos foram investidos R$ 175 milhões nas áreas de comércio e de serviços, com a geração de 4.400 empregos diretos.
O motivo apontado para o crescimento no setor são os crescentes níveis de automação das indústrias, que empregam cada vez menos pessoas, mas ainda são responsáveis por 50% da arrecadação do município.
Para atender a consequente demanda por mão-de-obra especializada, universidades e institutos têm providenciado a formação de profissionais na área.
O Instituto MDG de Ensino, juntamente com a Faap, inicia em agosto a formação dos primeiros 160 alunos nas disciplinas de Administração Hoteleira e Comércio Exterior. "Não existe mão-de-obra qualificada neste momento", disse um dos diretores do instituto, Carlos Eduardo de Grande.
A Prefeitura de São José dos Campos também está procurando incrementar as atividades na área de serviços, por meio da articulação para a realização de novos cursos profissionalizantes e desenvolvimento do Comtur (Conselho Municipal de Turismo).
O presidente da entidade, Joaquim Maria Botelho, afirmou que estão sendo realizadas oficinas de trabalho para qualificação profissional dos membros que integram o Comtur. "Para que esse plano seja implementado de maneira adequada, tem de se fazer as coisas devagar, mas corretamente."
O incremento dessas atividades é visto positivamente pelas entidades sindicais, mas não como solução para o problema do desemprego. O presidente do sindicato dos Metalúrgicos de São José, Antônio Donizete Ferreira, disse que não adianta gerar demanda se o mercado consumidor está em crise.
"Se a indústria de hotéis e supermercados está crescendo, tudo bem, é bom que existam alternativas. Mas você precisa vender esses produtos para alguém."



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