São José dos Campos, Domingo, 24 de Setembro de 2000

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Região de Campinas é a 2ª do Estado a atrair recursos na área de tecnologia

  Região metropolitana de São Paulo lidera ranking de 95 a 2000, segundo pesquisa do Seade   Empresas aplicaram US$ 872 milhões em São José, a cidade que mais recebeu depois da capital DA REDAÇÃO

A presença de centros e institutos de pesquisa e desenvolvimento e a facilidade de acesso à capital foram dois dos principais fatores que fizeram com que a região de Campinas fosse a segunda região do Estado de São Paulo a receber o maior valor em investimentos de empresas ligadas a setores essencialmente tecnológicos nos últimos cinco anos.
O levantamento é baseado em uma pesquisa realizada pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos), entre 95 e julho de 2000.
A região, que totalizou montante de cerca de US$ 1,2 bilhão, perde apenas para a RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), que engloba a cidade e os municípios da Grande São Paulo, incluindo o ABCD, considerado um dos principais centros industriais do país, com US$ 3,6 bilhões.
O valor atraído pela região de Campinas corresponde a 6,59% das aplicações de setores basicamente tecnológicos no período no Estado.
Para elaborar o estudo, o Seade selecionou cinco subsetores de atividade econômica específicos em tecnologia, por cidade. Os casos em que não houve determinação do município beneficiado somaram US$ 12,3 bilhões.
Entre janeiro de 95 e maio de 2000, o total de investimentos anunciados no Estado de São Paulo foi de US$ 100 bilhões.
A cidade-sede foi a mais bem "recompensada" em relação aos cinco setores tecnológicos entre os municípios que compõem a região de Campinas, amealhando US$ 493,79 milhões. Na sequência, aparecem as regiões de São José dos Campos, com cerca de US$ 1 bilhão, Sorocaba, com US$ 181,68 milhões, e Ribeirão Preto, com US$ 108,42 milhões.
Em Campinas, os setores que lideram os investimentos, entre aqueles que fazem uso intenso da tecnologia, foram de materiais eletrônicos e informática, ao passo que, em São José, destacam-se as aplicações de eletrônicos e de telecomunicações. Na RMSP, a área que mais investiu foi a de telecomunicações.
"No interior do Estado, predominam os investimentos no setor industrial. Na RMSP, os serviços estão quase se igualando à indústria, que, por sua vez, não está perdendo força", disse Marco Antonio Nascimento Pereira, um dos pesquisadores responsáveis pelo levantamento do Seade.

São José dos Campos
Apesar de a região de Campinas ser a líder no interior na atração dos investimentos em setores intensivos em tecnologia, o município de São José dos Campos se destaca como a cidade que mais recebeu aplicações dessas áreas, desconsiderando-se a capital.
Enquanto Campinas atraiu US$ 493,79 milhões, São José, que concentra desenvolvimento avançado no setor aeroespacial, foi responsável por acumular US$ 872 milhões no período entre 95 e julho deste ano.
A capacidade de atração de empresas voltadas à tecnologia de ponta levam essas regiões do interior a serem chamadas de "Vale do Silício Brasileiro", em alusão ao local que recebeu a denominação originalmente, na Califórnia (EUA), mas muitos especialistas discordam da aplicação do termo.
"O Vale do Silício é uma região que concentra empresas intensivas em tecnologia que trabalham com a informática. O chip do computador tem silício. Aquela região tinha a economia baseada na agricultura antes e se transformou", disse Guilherme Ary Plonski, professor da Politécnica e da FEA (Faculdade de Economia e Administração) da USP (Universidade de São Paulo) e coordenador do Cecae (Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de Atividades Especiais).
Para ele, a região de Campinas seria a que mais se aproximaria de uma concentração relativamente grande de empresas de tecnologia da informação, mas a expressão não seria adequada porque a intensidade é bem menor.
"Muitos chegam a falar da descentralização industrial para o interior, mas a impressão, principalmente em Campinas e em São José dos Campos, é que a grande vantagem é estar a cerca de 100 quilômetros da região metropolitana, além de apresentar mão-de-obra qualificada e um mercado consumidor potencialmente grande", disse Márcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Do total de investimentos gerais anunciados para a RMSP, de acordo com o estudo do Seade, a maior parte -US$ 6,8 bilhões- foi para a atividade imobiliária, seguida pela indústria automotiva, com US$ 5,7 bilhões.
Na região de Campinas, o destaque é a fabricação de coque, refino de petróleo e elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool, com valor de US$ 2,7 bilhões. Depois, também vem a indústria automobilística, com US$ 1,8 bilhão. Na região de São José, os maiores investimentos se referem à fabricação e montagem de veículos automotores, com total de US$ 3,1 bilhões.
(KARINA OGO)

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