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Interior do Estado concentra 3 dos 4 pólos tecnológicos em SP
DA REDAÇÃO
Três dos quatro pólos tecnológicos existentes no Estado de São
Paulo ficam no interior. Depois
da capital, são considerados grandes centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia avançada as cidades de Campinas, São
José dos Campos e São Carlos.
Em comum, os municípios possuem uma infra-estrutura básica
satisfatória, acessos fáceis para rodovias e universidades e institutos
que podem auxiliar no preparo de
mão-de-obra adequada e especializada. Apesar das semelhanças,
cada uma desenvolveu características próprias, tendo como destaque áreas distintas.
Campinas, por exemplo, tornou-se uma referência no Estado
no setor de telecomunicações e
informática. São José virou a "capital" do ramo aeroespacial, além
de ter também boa atuação no setor de eletroeletrônicos, enquanto
São Carlos ficou conhecida pelos
seus estudos na área científica e de
engenharia metal-mecânica.
"Desde a década de 70, já havia
um movimento de transferência
de indústrias de São Paulo para
regiões menos conurbadas, em
especial em direção ao norte do
Estado. A capital já estava saturada. Nos anos 80, esse processo regrediu um pouco por conta da
crise", disse o economista e professor do departamento de engenharia de produção da UFSCar
Francisco José da Costa Alves.
Segundo Sandra Brisolla, do departamento de política científica e
tecnologia do Instituto de Geociências da Unicamp, houve um
investimento sustentado, principalmente em Campinas e São José, que justificam o grau de avanço atingido por essas cidades.
"Toda a tecnologia e a ciência
não surgem de uma hora para outra. É consequência de um investimento realizado de longo prazo.
Foi o que aconteceu com São José.
Desde os anos 40, o Brasil começou a formar lá uma escola de engenharia, o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). É um investimento de quase 60 anos."
São José foi favorecida no aspecto estratégico do governo brasileiro em uma época em que se prezava pela segurança nacional.
Além do CTA (Centro Técnico
Aeroespacial), foram instalados
no município o Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais)
e a Embraer (Empresa Brasileira
de Aeronáutica). "Começou-se a
explorar um nicho de mercado
(aviões regionais) em que soubemos tirar vantagem sobre os concorrentes", afirmou Sandra.
O investimento do governo federal no setor de informática
-especialmente a partir da implantação do CPqD (Fundação
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações),
um "braço" da antiga Telebras,
em 76- fez com que Campinas
virasse pólo de pesquisas na área.
A Unicamp já existia à época, e a
cidade também sediava o CTI
(Centro Tecnológico para Informática). Mais tarde, outras instituições que trabalham com tecnologia de ponta se instalaram -como o Ital (Instituto Tecnológico
de Alimentos), o IAC (Instituto
Agronômico de Campinas), Instituto Biológico e LNLS (Laboratório Nacional de Luz Sincroton).
Em São Carlos, a presença de
duas universidades de conceito
foi o que alavancou a cidade. "A
maior parte dos cursos da USP e
da UFSCar é voltada para a tecnologia", disse Ana Cristina Fernandes, do departamento de engenharia civil da UFSCar.
Ela coordenou uma pesquisa
em que foi constatado que 12% de
empresas de porte pequeno e médio de base tecnológica em 98 ficavam na região de São Carlos, à
frente, inclusive, de São José dos
Campos (8,8%), e atrás apenas
das regiões metropolitana
(53,7%) e de Campinas (16,9%).
"Há uma grande polêmica sobre o que é e o que não é tecnológico. Nos concentramos no produto e não no processo. O esforço
tecnológico existe quando há investimento em pesquisa e desenvolvimento, e não quando há uso
da tecnologia madura, que já foi
divulgada e é repetitiva."
(KO)
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