São José dos Campos, Domingo, 25 de Junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Próximo Texto | Índice

POLÍCIA
Número de sequestros a gerentes de bancos este ano já é maior do que em 99 na região; São José treina agentes
Garra arma esquema anti-sequestro no Vale

Roosevelt Cássio/Folha Imagem
Policiaisdo garra ,que monitoram agências bancárias,seguram armas em frente ao Bradesco do Jardim Satélite,em São José


KEILA RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

O Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), da Polícia Civil, criou um programa inédito de observação e monitoramento para tentar reduzir os casos de sequestros de funcionários de agências bancários no Vale.
No caso de desaparecimento de funcionários, a polícia mobiliza agentes e monta operações para tentar prevenir os sequestros.
O esquema foi montado após a explosão de casos de sequestros de funcionários e familiares de bancos no Vale do Paraíba e litoral norte. Do início do ano até agora, cerca de 83 pessoas já foram sequestradas na região.
Os números confirmam a preocupação da polícia -até sexta-feira, haviam sido registrados 13 casos, enquanto que, entre janeiro e junho do ano passado, houve apenas duas ocorrências.
Em todo o ano passado, de acordo com as estatísticas da Polícia Civil, houve dez casos.
A Polícia Civil de São José dos Campos está montando uma equipe especializada em sequestros. Os policiais estão sendo treinados no Depatri (Divisão de Crimes Contra o Patrimônio), em São Paulo.
Em Jacareí, a Polícia Militar está fazendo bloqueios na entrada da cidade para tentar barrar a entrada de sequestradores e outros criminosos procurados pela polícia.
A polícia, além da reorganização interna, orienta funcionários de bancos, em reuniões semanais, a se certificarem de que não estão sendo seguidos, a não fornecerem informações a estranhos e a não pagarem resgate.
O valor dos resgates já pagos, por orientação dos próprios bancos e da polícia, não estão sendo divulgados, para evitar que os criminosos saibam o montante de dinheiro nas agências.
O sistema adotado pelos criminosos é semelhante. Os funcionários são rendidos em casa ou na saída do trabalho e, depois que parentes são feitos reféns, são liberados para conseguir o dinheiro do resgate.
Além do monitoramento dos funcionários, as equipes do Garra estão instruídas a apurar qualquer movimentação considerada estranha nos bancos.
Em caso de suspeitas, os policiais também vão às casas dos funcionários, que, em cidades menores, também recebem um patrulhamento especial da Polícia Militar.
Em Campos do Jordão, que teve dois casos de sequestros de gerentes neste mês, a Folha apurou que há policiais deslocados para permanecer nas agências, observando potenciais suspeitos.
"Estamos preocupados com o que vem ocorrendo e decididos a prender os membros desta quadrilha que está agindo no Vale", disse o diretor do Deinter (Departamento de Polícia Judiciária do Interior) de São José, Antonio Carlos Gonçalves da Silva.
Segundo o delegado, 15 sequestradores já foram identificados e três líderes da quadrilha, que estaria concentrada em São José e Jacareí, estão presos.
O delegado não quis divulgar o nome dos líderes porque, segundo ele, as investigações estão em andamento.
Na semana passada, os delegados das DIG (Delegacia de Investigações Gerais) se reuniram em Campos do Jordão para definir ações para prender a quadrilha.
"Eles só querem o dinheiro e evitam o confronto. Se os bancos não pagam o sequestro, libertam as vitimas", disse o delegado de Campos, Paulo Navarro.
Os sequestradores que estão agindo na região devem pertencer a uma mesma quadrilha, de cerca de 30 integrantes, segundo a polícia.
Cada pessoa na quadrilha teria uma função específica. Um grupo seria responsável pelo resgate, outro, pelo cativeiro e, um último, pelo roubo de carros usados no sequestro.
Segundo o diretor do Deinter, a quadrilha pode estar ligada a roubos de carga e assaltos a bancos.


Próximo Texto: Vítimas mudam de endereço
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.