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RETRATO DE UMA ÉPOCA
Estudo do Seade revela ainda que as cidades do Vale tiveram redução na mortalidade infantil
Século 20 reduz casamentos e nº de filhos
FÁBIO SOARES
DA REDAÇÃO, EM SÃO PAULO
No decorrer dos últimos cem
anos, as cidades do Vale do Paraíba registraram, principalmente a
partir da década de 80, cada vez
menos casamentos, menos nascimentos e uma sensível redução
nas taxas de mortalidade infantil.
Os dados são de uma pesquisa
inédita do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), concluída em maio deste
ano, que detalha a formação histórica dos municípios do Estado,
desde 1532, com base nos censos
demográficos e estatísticas dos
cartórios de registro civil.
A redução dos casamentos e
nascimentos é observada levando-se em conta a relação com as
populações, em crescimento desde o início do século, e segue uma
tendência estadual.
Nos quatro municípios mais
populosos do Vale selecionados
para a reportagem -São José dos
Campos, Taubaté, Jacareí e Pindamonhangaba-, a taxa de nupcialidade (número de casamentos
em relação à população no período) começa a cair acentuadamente a partir de 80.
Em Pinda, o índice sofreu as
maiores discrepâncias. Saiu de
1,55 (1900), atingiu um pico de
9,70 (1976) e estabilizou em 5,66
no ano passado. Desde 96, o número absoluto de casamentos está em torno de 900 por ano.
A maior presença da mulher no
mercado de trabalho, a garantia
de direitos legais nas uniões consensuais e as dificuldades financeiras são os principais causadores da queda dos casamentos.
"É possível observar que em
época de crise cai o número de casamentos. Dezembro, mês do 13º
salário, é historicamente o recordista de celebrações", explicou a
analista de projetos do Seade Rosa Maria Vieira de Freitas, da
equipe de 15 profissionais que
participou do trabalho.
O índice de natalidade acompanhou a curva da nupcialidade na
região. Depois de um ligeiro crescimento até a década de 70, nos
últimos 20 anos a taxa vem caindo. Hoje, a menor delas é a de
Taubaté, com 11,27.
No quesito mortalidade infantil,
Pinda é a única em que houve aumento dos casos em 2000 em relação a 99 (de 9,01 para 12,75).
As taxas do começo do século
são impressionantes se analisadas
hoje. Jacareí chegou a atingir, em
1906, a marca de 282 mortes de
crianças para um total de 418 nascidos vivos, uma taxa de 674,64,
no pior desempenho no século
passado.
Apesar da evolução, a posição
de Jacareí ainda é a pior entre as
grandes cidades do Vale. Em 2000
foi de 20,07 -71 mortes para
3.537 nascidos.
"Queda na mortalidade é reflexo do avanço das condições sociais", diz o secretário da Saúde de
São José dos Campos, Walcy de
Souza Lima.
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