São José dos Campos, Sexta-feira, 27 de Julho de 2001

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Patrimônio histórico está abandonado

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Parte do patrimônio histórico de São José dos Campos está em estado de completo abandono. Um exemplo disso é a capela de Nossa Senhora de Aparecida, localizada na travessa Chico Luiz, região central da cidade. A construção, de 1906, está deteriorada e precisa de reformas.
"A modernização e o desenvolvimento estão fazendo com que o passado de São José dos Campos seja esquecido. Por enquanto, ainda temos alguma coisa para mostrar, mas, se a prefeitura não tomar providências, daqui a alguns anos não teremos mais nada", disse o presidente do Clube dos Joseenses e Amigos, José Carlos de Melo.
Segundo Melo, o clube já reivindicou a restauração de alguns prédios históricos. "Já falamos pessoalmente com o prefeito, mas as soluções ficam só na conversa. Estamos nessa briga há muito tempo", afirmou.
De acordo com Melo, as antigas estações ferroviárias do Centro, Limoeiro, Martins Guimarães e Eugênio de Melo, a igreja de São Benedito (a mais antiga da cidade, de 1870) e a capela de Nossa Senhora de Aparecida são, atualmente, os casos que mais necessitam de projetos de restauração.
"Como São José progrediu muito nos últimos 50 anos, e quase todos os nossos prefeitos, assim como o atual, não eram joseenses, nunca houve a preocupação de resgatar a memória da cidade. O prédio do Cine Paratodos, por exemplo, poderia ser um ótimo local para eventos culturais, mas está fechado", disse.

Outro lado
O diretor da Fundação Cultural Cassiano Ricardo e presidente do Comphac (Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico), Edmundo Carlos de Andrade Carvalho, disse que o conselho, em parceria com a prefeitura, já está dando início aos procedimentos necessários para a restauração da capela de Nossa Senhora de Aparecida e da igreja de São Benedito.
"Já contratamos uma empresa para desenvolver um estudo sobre a restauração das duas igrejas, mas só o projeto está orçado em R$ 13 mil", afirmou.
Segundo Carvalho, o estudo relativo à restauração será concluído em 60 dias. "A partir daí, vamos buscar parcerias com as empresas privadas para que possamos viabilizar as obras", disse.
De acordo com ele, o patrimônio histórico da cidade deve ser preservado. "Mas a responsabilidade não pode ficar somente com a prefeitura e o Comphac, pois são restaurações que deverão ter um custo altíssimo", afirmou Carvalho.
Para ele, a participação de empresas privadas em projetos culturais e de preservação do patrimônio histórico deveria ser mais intensa.
"A iniciativa privada de São José dos Campos tem pouca participação em projetos culturais. A LIF (Lei de Incentivos Fiscais à Cultura), em que a empresa consegue ter 90% de retorno do capital investido em projetos culturais, por meio da isenção de impostos, tem tido pouca adesão das empresas", afirmou.


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