São José dos Campos, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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TRÁFICO NO LITORAL
PM mapeia principais pontos de uso de drogas em Caraguá para inibir atividade neste verão
Falta de estrutura beneficia traficantes

Gianni D'Angelo/Folha Imagem
Morador do bairro Rio do Ouro, um dos apontados como ponto de tráfico, transita de bicicleta


JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
da Folha Vale

A Polícia Militar mapeou pela primeira vez os principais pontos de tráfico e consumo de drogas em Caraguatatuba, no litoral norte, e identificou a falta de estrutura urbana como condição ideal para as "bocas".
O levantamento faz parte de um programa de prevenção à venda e ao uso de entorpecentes, que pretende inibir a atividade dos traficantes já na temporada de verão, quando 1 milhão de turistas deve chegar a Caraguá.
A PM enviou à prefeitura uma relação de 13 locais onde são mais comuns os casos de porte e venda de drogas. O quadro revela que os traficantes preferem locais sem asfalto e iluminação e, na maioria dos casos, onde haja matagal que permita esconder a droga.
Uma nova fase da pesquisa, que está em andamento, vai utilizar um programa de computador para tentar dar maior rigor científico ao levantamento. O programa vai inserir em um mapa todos os casos que envolvam drogas em Caraguá.
Segundo o capitão André Luiz Cavalcante, comandante da PM na cidade, somente uma intervenção do poder público, com a implantação de infra-estrutura, vai permitir que o policiamento ostensivo consiga combater o tráfico de drogas.
Hoje, segundo o oficial da PM, a ausência de asfalto impede que os carros da polícia façam o patrulhamento. "A falta de iluminação dificulta a observação de como os traficantes se movimentam", disse o capitão.
O prefeito de Caraguá, Antonio Carlos da Silva (PSDB), disse estar levantando os custos das obras para iniciar a urbanização dos locais mais críticos.
Embora seja consenso entre os policiais de que o uso de drogas seja crescente, as apreensões realizadas pela PM vêm caindo. A Polícia Civil não dispunha de dados comparativos anteontem.
Até o final do mês passado, a PM havia apreendido 1,2 quilo de drogas, o que representa 30% menos que no mesmo período de 98, quando o volume foi de 1,7 quilo.
Os números, embora não reflitam a realidade das apreensões, revelam as dificuldades que PM encontra para efetuar flagrantes, ou seja, há poucas condições de efetuar o patrulhamento.
Somente no final do mês passado, em uma única operação, a Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) flagrou um grupo com 72 quilos de maconha em Caraguá, a maior apreensão do ano no litoral norte.
Com cinco investigadores e um delegado, a Dise do litoral norte, instalada em São Sebastião, cobre a região que vai de Bertioga até a fronteira com o Rio de Janeiro, em Ubatuba.
"É quase impossível cobrir tudo. Selecionamos as denúncias e trabalhamos com as mais sérias", disse o delegado responsável pela Dise, Odair Bruzos.
Entrecortado por serras, o litoral tem uma disposição topográfica que se assemelha aos morros cariocas, mais um complicador para a ação policial.


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