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Farol alto
EDUARDO SODRÉ eduardo.sodre@grupofolha.com.br
Não é só a fumaça que mata
Carros mal conservados estão sujeitos a acidentes, o que torna necessária a inspeção de segurança
As discussões recentes sobre a inspeção veicular em São Paulo começaram de trás para frente: os intervalos entre as vistorias estão sendo discutidos antes de os métodos serem estabelecidos. Pode-se perder uma chance de dar um passo adiante e criar um programa que seja referência no Brasil.
Implementar um sistema obrigatório de vistoria não é algo de apelo popular. Custa caro, gera taxas, exige que o motorista leve seu carro a postos de inspeção e ainda corra o risco de ser reprovado. Entretanto, é salutar medir o quanto os veículos poluem.
Porém, não é só a fumaça que mata. Carros mal conservados estão sujeitos a acidentes por falha mecânica, o que torna necessária a inspeção de segurança.
Trata-se de uma análise ampla, com checagem de freios e suspensão, por exemplo.
No Rio de Janeiro, veículos equipados com GNV (gás natural veicular) passam por uma inspeção anual mais complexa, pois a instalação pode interferir na estrutura do carro e acelerar seu desgaste.
O custo extra para o proprietário é atenuado pelo desconto no IPVA. A alíquota, que é de 4% para automóveis movidos a gasolina, cai para 1% nos carros com GNV.
O modelo carioca tem falhas, mas faz o motorista se preocupar com seu carro. Ninguém deseja ser reprovado na vistoria.
Em países onde procedimentos semelhantes foram estabelecidos há décadas, como a Alemanha, criou-se a cultura da manutenção. Um carro em ordem colabora para o bem comum, e o motorista tem consciência disso.
Para chegarmos a esse ponto, é necessário avançar nas discussões. Nossa legislação de controle de emissões está alinhada à europeia, com defasagem de poucos anos. O que não temos ainda é o controle universal da frota e a real preocupação com segurança, que deve ir além de campanhas para reduzir o número de acidentes nas estradas.