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Eduardo Sodré

Máquinas voadoras

Carros capazes de rodar no asfalto e nas nuvens exigiriam tanta manutenção quanto um helicóptero

Receber ligações de amigos à procura de conselhos sobre carros faz parte da rotina dos jornalistas que escrevem sobre o setor automotivo. Recentemente, um desses telefonou-me para tirar uma dúvida sobre pneus.

Pela descrição dele, restavam parcos sinais de borracha sobre os aros de seu sedã, tamanho era o desgaste. Com pouco mais de um ano de uso, o carro estava perto dos 50 mil quilômetros rodados e nunca tinha visitado uma oficina especializada em serviços de suspensão.

Obstetra, esse amigo sempre queixou-se do trânsito pesado do Rio, que tantas vezes retardou sua chegada ao hospital, onde estava sendo aguardado por uma criança prestes a nascer.

Não tenho dúvidas de que ele adoraria ter um carro voador, desses que sempre chamam a atenção quando são revelados ao mundo em desenhos ou protótipos.

Se esses veículos tornarem-se realidade e meu amigo obstetra adquirir um, garanto que jamais entrarei nele. Você teria coragem de viajar em uma máquina voadora cujo dono nem sequer se preocupa com o rodízio dos pneus?

Eis a barreira entre a realidade e os "Jetsons": veículos capazes de rodar no asfalto e nas nuvens exigiriam tanta manutenção preventiva quanto um helicóptero.

Os planos calculados por horas de voo seriam somados aos cuidados convencionais. Além de verificar o estado dos pneus e trocar o óleo nos prazos certos, o motorista-piloto teria de se preocupar com rotores, hélices, turbinas etc.

Você sabe qual é a quilometragem atual do seu carro? Tem noção do que foi feito na última revisão? É capaz de dizer qual é o tipo de lubrificante indicado para o motor? Conhece algo sobre os componentes elétricos (rádio não vale)? Se respondeu "não" a qualquer uma dessas perguntas, deixe de sonhar com um carro voador. E, caso não desista da ideia, nem pense em convidar-me para um passeio.


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