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Na pista

Dia de piloto teve aulas teóricas, sessões de massagem e exercícios para testar o poder de reação

DO ENVIADO A LE CASTELLET (FRANÇA)

O programa de pilotagem é rigoroso e surgiu com a Renault e hoje é comandado pela Lotus, que assumiu a equipe de F-1 quando a montadora francesa decidiu ser apenas fornecedora de motores.

Com 40 dias de antecedência, assinei um atestado assumindo as responsabilidades pelo que acontecesse comigo e preenchi um questionário com informações médicas.

No dia D, as horas demoraram a passar até sentar no F-1. Tudo começou com uma volta (de van) pelo traçado de 3.853 m, uma das opções oferecidas em Paul Ricard.

Já de macacão, passei primeiro por um simulador de cockpit, para me acostumar com a postura ao volante.

Depois fui para um cockpit real, onde conheci o posicionamento dos pedais --muitíssimo próximos um do outro.

A primeira experiência na pista foi com um F-Renault 2.0, de 480 kg e motor de 185 cv. Primeiro andei atrás de um "safety car", depois fiquei à vontade para pisar fundo.

Seguiram-se sessões de massagem e de batak, aparelho que testa a reação a luzes, usado para aprimorar a visão periférica. No almoço, salada e massa.

COMO EM MÔNACO

Veio o briefing sobre o F-1 que estava à minha espera: um Benetton de 2001 pintado nas cores do Lotus E21 da temporada atual, com asa dianteira de 2005 e configuração aerodinâmica para Mônaco.

Ou seja: asa traseira monstruosa (para grudar o carro no chão e lhe conferir mais estabilidade), câmbio de seis marchas sequencial e motor V10 (cerca de 700 cv) empurrando um conjunto de 580 kg --mais os meus 72 kg, claro.

"Aproveite, não pense que isso é uma corrida. Ninguém aqui vai assinar contrato com a equipe no fim do dia. Lembre-se que automobilismo é um esporte perigoso e que você está sozinho no carro. Depois disso, você nunca mais verá a F-1 do mesmo jeito", disse o instrutor.

Eram 15h33 quando chamaram meu nome. Fazia 27,4°C e o céu estava azul.

Repassei mentalmente cada passo para sair com o carro: dar duas bombadas no acelerador assim que o motor fosse acionado; pisar na embreagem; com a borboleta da mão direita, achar a segunda marcha; levantar o pé esquerdo progressivamente enquanto o direito fizesse o caminho inverso. Era importante não dar solavancos.

Veio o motor de arranque externo. Depois, o sinal do instrutor para que eu partisse. Saí em primeira, mas logo engatei a segunda.

Ganhar a reta dos boxes ao volante de um F-1 preto e dourado foi um sonho. "Não acredito", repetia para mim mesmo.

Após uma série de curvas em terceira marcha, vem um pedaço da Mistral, reta que chegou a ter 1.800 m nos bons tempos. Foi onde alcancei 220 km/h, segundo a telemetria. Com um carro tão rente ao chão, pareceu muito mais.

Veio a Signes, curva mais veloz da pista, que não aprendi a fazer na tangência ideal de jeito nenhum. Depois a Beuasset, a Village, a Tour e a Curva da Ponte.

Ali cometi um erro para o qual Emerson e o instrutor haviam alertado. Contornei essa curva em segunda marcha e pisei forte cedo demais, já louco para rasgar a reta dos boxes. Não peguei leve. Perdi a traseira, o carro rodou, o motor morreu. Só restava esperar o resgate. E até isso foi bacana.

Em meio à fumaça dos pneus, tive a certeza de agora entender um pouco mais do universo que há tanto tempo acompanho. Pilotei um F-1.


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