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Taxa atraente disfarça o custo real do parcelamento

Juros destacados por concessionárias não incluem impostos e serviços

Percentual médio de 1,53% ao mês chegaria a 1,80% com a soma de cobranças adicionais, calcula economista

FELIPE NÓBREGA
DE SÃO PAULO

Na vitrine da concessionária, o Nissan Livina chama a atenção. A isca aparece em letras garrafais no para-brisa da minivan: "juro zero".

Apresentando-se como cliente, a reportagem da Folha aborda o vendedor, que logo enaltece as condições de pagamento: 60% de entrada e o restante em 24 parcelas. Parece um gesto natalino, mas a calculadora revela que Papai Noel não existe. O carro sai R$ 1.200 mais caro no plano financiado a juro zero.

"Essa diferença é por conta do IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] e da taxa para abertura de crédito", justifica o vendedor.

Já a Renault não informa em sua última campanha que cobra cerca de R$ 800 para a abertura de crédito, valor suficiente para quitar quase três das 60 prestações do Clio, ofertado a R$ 299 por mês, com entrada de R$ 11 mil.

Para levar o "popular" a prestações camaradas, a montadora pede R$ 55 por um seguro financeiro. Com taxas e imposto, o juro anunciado de 1,07% salta para 1,44% ao mês. O Clio de R$ 23 mil sairá por R$ 29 mil.

A Fiat ao menos inova no plano. Quem leva o Uno parcelado em 60 vezes, nas três primeiras prestações do ano (época de quitação de tributos) paga só R$ 100. Mas aí o juro efetivo total do hatch chega a 22,06% anuais.

As marcas citadas não estão sozinhas. De acordo com Samy Dana, professor de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), não destacar claramente o juro efetivamente pago é praxe do mercado.

Por lei, a publicidade deve anunciar o valor total do carro financiado, com taxas e impostos -mas essas informações geralmente só aparecem em letras miúdas no rodapé da propaganda. A mais importante é o CET (custo efetivo total), que inclui juros e taxas (veja exemplo ao lado).

"Outra tática comum é oferecer um juro baixo, mas tendo como base o preço cheio indicado na tabela", alerta Dana, que sugere ao comprador iniciar a negociação como se fosse pagar a vista, para descobrir o preço real do veículo.

CONSÓRCIO

Para Décio Carbonari, presidente da Anef (associação dos bancos de montadoras), deve-se comparar planos de diferentes empresas ou financeiras até encontrar o que melhor se enquadra na situação econômica do comprador.

"Há também o consórcio. Menos oneroso que o financiamento, ele é indicado para quem não tem urgência em adquirir o carro, já que a entrega do bem depende de um sorteio ou lance", compara.

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