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O lado negro da força

Demos uma volta com o Corvette, que traduz a preferência americana por esportivos de comportamento arisco e motor V8

John F. Martin/Divulgação
Corvette atual tem motor 6.2 V8 de 436 cv
Corvette atual tem motor 6.2 V8 de 436 cv

EDUARDO SODRÉ
ENVIADO ESPECIAL A DETROIT (EUA)

Sentado em uma cadeira de plástico, o rapaz de boné mal olha quem está entrando na pista da GM em Detroit, Estados Unidos. Para ele, basta identificar o carro e anotar o nome na prancheta. O modelo da vez é o Corvette conversível, preto de uma ponta a outra e disputado como o santo graal pelos jornalistas latino-americanos que participam do teste. Agora chegou a vez da Folha.

O desafio inicial é entrar na cabine, pois o assento é baixo. O jeito é primeiro sentar de lado para depois colocar as pernas para dentro.

FORTE E BEBERRÃO

O painel e o volante forrados de camurça têm costuras vermelhas. Trata-se do kit Centennial, um pacote visual feito para celebrar os cem anos da Chevrolet.

O conjunto não é refinado nem moderno; os americanos são conservadores quando tratam de seus esportivos. O que importa é o V8 debaixo do capô, forte e beberrão.

Um toque no botão de partida acorda a fera. São 436 cv à disposição do pé direito. O câmbio é manual, com engates curtos e duros. Cada passagem de marcha é acompanhada por um som grave e metálico. É assim que o Corvette conversa com o motorista.

A primeira parte do circuito é contornada em velocidade baixa. São curvas fechadas demarcadas por cones, que controlam os ímpetos do piloto. Mas o tédio está prestes a acabar.

O último trecho da pista é uma reta de asfalto liso. Agora o Corvette está parado, pedindo carga máxima no acelerador. Pé embaixo, e a traseira sai rabiscando o asfalto. Não há controle de tração ou estabilidade que segure o bicho. O mito americano é rebelde e faz perguntar: o que fazia James Dean em um Porsche?

O barulho dos pneus patinando na pista despertou a atenção ao redor. O rapaz de boné se levantou em um pulo só, mas pareceu não se importar com o ato que fugia do protocolo. Na volta, seu sorriso cúmplice revelou que, se estivesse com aquele carro, teria feito a mesma coisa.

DIVERSÃO PURA

Pelos padrões atuais, este cavalo xucro chamado Corvette é um dos piores esportivos do planeta. As marchas têm engates imprecisos, a transmissão é ruidosa, a embreagem pesa toneladas e é preciso braço para segurar o carro. Ou seja: pura diversão.

Nos EUA, um carro como esse custa o equivalente a R$ 100 mil. No Brasil, poucas unidades chegam por ano, trazidas por importadores independentes. Os preços beiram os R$ 300 mil. Caro? Sim, mas uma pechincha diante do valor pedido pelo Mercedes SLS AMG (R$ 965 mil).

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