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Oficinas ameaçam boicotar seguradoras

Sindicato dos reparadores diz que sistema digital de vistoria aumentou custos e pretende abandoná-lo em abril

Pelos cálculos do Sindirepa-SP, tempo de espera pelo reparo aumentará em, no mínimo, três dias

Gabo Morales/Folhapress
Carro parado à espera de peças na oficina Dikar
Carro parado à espera de peças na oficina Dikar

ROSANGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A partir de abril, o reparo de carros que se envolveram em acidentes deverá demorar ainda mais. As oficinas filiadas ao Sinderepa-SP (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios) pretendem limitar o atendimento às seguradoras, em protesto contra o atual sistema de vistoria.

O problema começou há cerca de três anos, com a adoção do processo informatizado de vistoria, que dispensa a visita de um profissional da seguradora para verificar o estado do carro. O método agiliza o reparo, mas aumenta os custos para as oficinas.

"Os reparadores pagam pela instalação do software e contratam funcionários para lidar com o sistema. Os gastos aumentam, mas há seguradoras que não reajustam suas tabelas de remuneração há mais de cinco anos. Tentamos conversar, mas não houve acordo. Por isso, pretendemos deixar de usar o sistema", diz Antônio Fiola, presidente do Sindirepa-SP.

Dessa forma, as seguradoras terão de voltar a enviar vistoriadores às oficinas.

ATRASO NA ENTREGA

Pelos cálculos do sindicato, a suspensão da vistoria eletrônica aumentará em três dias, no mínimo, o tempo de reparo do veículo. Hoje, os carros acidentados ficam, em média, dez dias na oficina.

"Para manter o sistema de software, preciso desembolsar cerca de R$ 2.000 por mês para ter os dois programas que existem no mercado, Audatex e Órion. E há ainda o salário do orçamentista

[R$ 3.000], que precisa ter conhecimentos de mecânica e informática", diz José Nogueira dos Santos, proprietário da oficina Dikar.

De acordo com o Sindirepa-SP, 80% do faturamento das mais de 600 oficinas de funilaria e pintura do Estado de São Paulo que possuem o sistema de vistoria eletrônica vêm dos serviços executados em veículos com seguro.

Os reparadores também se queixam de falhas na atualização dos sistemas. Segundo as oficinas ouvidas, carros recém-lançados demoram a constar nos softwares, o que atrasa a liberação das peças para o conserto. É o que está acontecendo com a aposentada Rita Bonifácio Silva, 54. Seu Palio Essence 2012 está parado desde o dia 18 de fevereiro, à espera de componentes.

As seguradoras consultadas pela Folha afirmam que os softwares são atualizados com frequência.

"Nosso sistema já foi avaliado pelas oficinas, que o consideram adequado para a gestão do trabalho. Quando há um lançamento, assim que a montadora disponibiliza a lista de peças com os respectivos códigos, o software é atualizado", diz Júlio Melo, ouvidor da Porto Seguro.

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