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Depreciação e falta de crédito congelam mercado de usados

Momento é complicado para quem pretende vender seu carro, mas bom para os interessados em comprar à vista

Clientes reclamam dos baixos valores oferecidos por seus veículos na hora de trocá-los por novos

RODRIGO LARA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A situação é comum: seduzido pela queda nos preços dos carros zero-quilômetro, o consumidor corre às lojas para trocar o modelo usado por um novo. A empolgação dura até o momento em que o cliente descobre o quanto pagam hoje pelo seu veículo.

"Levei meu carro para ser avaliado em duas concessionárias de São Paulo. Em uma, ofereceram um valor R$ 7.000 abaixo da tabela. Na outra, foi pior: R$ 8.000 a menos. Dei risada da oferta e fui embora", conta o analista de sistemas Raphael Mesquita Siqueira, 29, dono de um Fiat Palio ELX 1.0 2010, cujo valor de mercado é estimado em R$ 25,5 mil.

Raphael afirma que desistiu do negócio ao menos por enquanto. "Eu pensei em trocar porque os custos de manutenção ficariam maiores com o tempo, mas terei que continuar com o meu carro", lamenta. Segundo ele, os lojistas dizem que estão pagando pouco por estar difícil vender um carro usado.

ESTAGNAÇÃO

A desvalorização acentuada se deve ao momento do mercado. Além da redução nos preços que reflete o desconto de IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) para carros novos, a escassez de crédito ao consumidor levou à estagnação do segmento de usados.

"As financeiras preferem dar crédito para a compra de modelos zero-quilômetro porque o risco para elas é menor em caso de inadimplência. Soma-se a isso o fato de que é mais fácil um consumidor achar um carro novo dentro das suas preferências", diz Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK Automotive.

As taxas de juros para o financiamento de usados dependem da idade do veículo, mas, em geral, são mais altas do que as praticadas na compra de carros novos.

"O mercado de usados é extremamente sensível ao que ocorre com o de automóveis zero-quilômetro. Isso faz com que o interesse pelos modelos rodados caia, o que afeta a liquidez desse tipo de bem", diz Garbossa.

De acordo com os relatórios da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o desempenho do mercado de usados foi 2,3% melhor entre janeiro e julho de 2012 do que no mesmo período do ano passado. O problema é que a balança está pendendo para os carros novos.

"Historicamente, a relação é de três automóveis usados vendidos para cada zero-quilômetro emplacado. Hoje, essa marca está em 2,3 usados para cada novo. O que vemos é um mercado parado", explica Flávio Meneghetti, presidente da Fenabrave.

NORMALIDADE

Meneghetti também afirma que a baixa oferta de crédito para a compra de usados dificulta a aquisição, mas acredita que a tendência é de retorno à normalidade. "Estamos em um período de transição. Passada a baixa do IPI, o mercado de usados deverá retomar seu fôlego."

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