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Inspeção em SP estimula procura pela placa preta

Carros com mais de 30 anos que têm essa chapa estão isentos da Controlar

Número de registros triplicou nos últimos cinco anos, segundo a Federação Brasileira de Veículos Antigos

DE SÃO PAULO

"Na capital paulista, cerca de um quarto dos donos de carros antigos tiraram a placa preta exclusivamente para livrar seus veículos da inspeção ambiental obrigatória", afirma Ricardo Luna, presidente do Clube do Carro Antigo do Brasil.

Por lei, o automóvel que conquista a chapa com fundo escuro (que o caracteriza como carro de coleção) não precisa se submeter aos testes de emissões e ruídos da Controlar nem possuir itens de segurança "modernos", como o extintor de incêndio.

Para isso, o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) exige que o veículo tenha ao menos 30 anos de fabricação, 80% de originalidade e esteja em bom estado de conservação.

Para colecionadores, a placa especial é um recurso para que modelos nacionais antigos consigam circular legalmente.

"Na época em que foram produzidos, não se exigia limite de poluição. Muitos já nasceram com cheiro de óleo queimado", diz Ricardo Jacob, dono de raridades que "quase não saem da garagem".

Só a partir de 1986 foi estipulado no Brasil um teto para emissões veiculares.

MERCADO NEGRO

Segundo a Federação Brasileira de Veículos Antigos, a média de registros de placa preta emitidos pelos clubes filiados à entidade triplicou nos últimos cinco anos -passou de 35 por mês para quase cem, a maioria em São Paulo, onde a inspeção existe desde 2008. O Detran-SP diz que somam 8.518 na capital.

Como são os clubes que atestam o índice de originalidade e emitem o laudo para a instalação da placa preta, o benefício acabou fomentando um mercado negro.

"Há associações que passaram a vender a licença, aprovando carros em mau estado", revela o diretor de um clube, que pediu anonimato.

Desde o início do ano, o governo dispensa os automóveis fabricados até 1965 da inspeção ambiental. Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não se pronunciou sobre qual foi o critério usado para a adoção dessa linha de corte.

(FELIPE NÓBREGA)

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