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Juventude desviada

O que os fabricantes de automóveis estão fazendo para atrair os jovens da geração Y, sempre conectada e com outros interesses

Caio Kenji/Folhapress
Alexandre Valentim, 24, foi conquistado pelo sistema multimídia do Chevrolet Sonic
Alexandre Valentim, 24, foi conquistado pelo sistema multimídia do Chevrolet Sonic

EDUARDO SODRÉ
DE SÃO PAULO
RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um garoto entra na concessionária de carros com fones de ouvido e logo é abordado por um vendedor. Ele tira o smartphone do bolso, desliga o som e exibe o carro que montou na tela do aparelho.

O funcionário ignora a configuração criada pelo rapaz e se oferece para mostrar um modelo do showroom. Impaciente, o jovem recoloca os fones e sai da loja.

Ao simular situações como essa nos EUA, a General Motors descobriu que os jovens nascidos entre os anos 1980 e 2000, os chamados "millennials" ou geração Y, não curtem os métodos tradicionais de compra e venda de carros e tampouco se deixam seduzir por brindes como tapetinhos e vidros escurecidos. Eles querem conectividade e pronta entrega.

A pesquisa que deu origem a essas conclusões foi encomendada pela GM à MTV Scratch, divisão da emissora de TV responsável por ajudar as empresas a entender os desejos desse público consumidor.

A MTV propôs mudanças na rede de concessionárias, nos carros e na forma de comunicação. A GM não revela o que foi feito a partir dos resultados do estudo, mas não é difícil concluir que até os comerciais da marca no Brasil foram influenciados pelo trabalho.

Esse movimento de aproximação da juventude não é exclusividade da GM. "As propagandas vêm usando músicas e atores mais jovens. Não posso dar números absolutos, mas nossas pesquisas indicam que o perfil demográfico dos clientes da marca está rejuvenescendo ano a ano", diz Frederico Themoteo Jr., diretor de marketing de comunicação da Chevrolet do Brasil.

A grande demanda do mercado interno torna a situação brasileira mais confortável que a de países como Estados Unidos e Canadá.

Um estudo concluído neste ano pela consultoria de negócios AlixPartners mostra que o número de potenciais compradores de carros nesses países diminuiu em 5 milhões nos últimos cinco anos. A consultoria cita o desemprego entre os jovens como o principal fator da queda.

Outro estudo, feito pela Universidade de Michigan, revela que o percentual de jovens de 19 anos com carteira de habilitação vem diminuindo nos EUA. Em 1983, eram 87,3%; em 2010, esse número caiu para 69,5%.

CONSUMO E SONHO

No Brasil, o desafio dos fabricantes é entender as expectativas dos novos clientes em relação aos seus produtos.

"Os jovens de hoje também compram, talvez até mais do que os dos anos 1980. A diferença é que eles não colocam o consumo como sonho. E têm uma visão mais crítica das empresas", diz o sociólogo Gabriel Milanês, um dos responsáveis pelo estudo O Sonho Brasileiro, que em 2010 entrevistou cerca de 2.000 jovens de 18 a 24 anos em todo o país sobre suas expectativas de futuro.

Nas pesquisas de mercado, os fabricantes buscam aferir o que pode despertar o interesse do público jovem de acordo com diferentes perfis. Uma das principais preocupações é adotar estratégias de abordagem que não espantem esses potenciais clientes, como ocorreu no episódio simulado pela MTV Scratch.

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