São Paulo, domingo, 01 de maio de 2011

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QQ surpreende, mas não bate nacionais

Mesmo recheado de itens de conforto e segurança, estabilidade do carrinho chinês assusta além dos 90 km/h

Pneus finos e suspensão Extremamente macia deixam a carroceria do Chery rolar demais em Curvas mais rápidas

João Brito/Folhapress
Traseira do pequeno QQ não traz logo Flex, que só chega em 2012; ao fundo, da esq. para dir., os rivais Ford Ka, VW Gol, Fiat Uno e GM Celta ‘pelados’ e com 2 portas

FELIPE NÓBREGA
DE SÃO PAULO

Apesar de ser o mais disputado, o segmento dos carros "populares" sempre foi também o mais previsível. Basta olhar para o VW Gol, líder há 24 anos ininterruptos.
Mas isso não se traduz necessariamente em falta de novidade. O Fiat Uno,por exemplo, acaba de lançar a versão duas portas para apimentar a disputa, enquanto o Chevrolet Celta,com grade e painel reestilizados, também perpetua a receita de boa mecânica e interior franciscano dos nacionais.
Esse antigo conceito, porém, deve começar a mudar com a expansão dos chineses, que oferecem carros a preços menores e recheados de equipamentos.
Veja só o Chery QQ, que desembarca por R$ 23 mil para ser o automóvel mais barato do país. Traz até itens mais caros, como airbags, ABS, ar condicionado, direção hidráulica e painel digital.
Mas será que, na prática, o chinês pode ser considerado o novo Super Trunfo dos "populares"? O teste Folha-Mauá comparou o novato QQ com quatro consagrados modelos nacionais de entrada:
Gol Ecomotion, Celta LS,Uno Vivace e Ford Ka -todos 1.0, básicos, duas portas e tabelados em cerca de R$ 26 mil. Com todos emparelhados, nem precisa de fita métrica para erceber que o QQ,com apenas 3,55 m,é o único subcompacto da turma.No comprimento, ele chega a ser quase meio metro menor que os demais. Azar do porta-malas, que, com míseros 190 litros, mal leva as mochilas dos quatro ocupantes.

ÁPICE DA ECONOMIA
A cabine, no entanto, parece espaçosa, graças ao teto alto e à tonalidade cinza-claro de painel e bancos (estreitos). Pena que o acabamento seja tão ruim. Na versão avaliada, os tecidos tinham costura irregular, e a tampa do porta-luvas não fechava corretamente.
O ápice da economia está Na falta de iluminação na parte central do painel,que agrupa os comandos do sistema de ventilação. À noite, para acertar a temperatura do ar condicionado, só se o motorista souber braille.
Aposição de dirigir no carro chinês pelo menos é mais confortável que a do Celta e a do Gol, que tem o volante levemente deslocado para a esquerda. Mas só o VW traz ajuste de altura do assento. Por fora, as linhas arredondadas dos faróis e da grade deixam o QQ com carinha de Pokémon e camuflam seu formato antiquado, Inspirado no do sul-coreano Daewoo Matiz dos anos 90. Original mesmo é o Uno, que não perdeu o estilo -só o conforto- sem as duas portas traseiras.
Na pista,o Chery -o único com motor 1.1 (68 cv)- venceu a prova de 0 a 100 km/h: 14,3s, praticamente empatado com o Celta, o1.0 mais potente do mercado, com 78 cv. Quem paga a conta da agilidade, porém, é o tanque de combustível.Na cidade,o QQ percorre 10,1 km/l. Como parâmetro, o Gol Ecomotion (71 cv) é 30% mais econômico.
Mas a grande diferença do QQ em relação a rivais nacionais é quanto ao comportamento dinâmico. Ao contrário do Ka, que tem a suspensão firme,o Chery é extremamente macio, como gostam os chineses. O problema é que o condutor não tem a mesma sensação de segurança após 90 km/h -a máxima é de 130 km/h.
A partir dessa velocidade, A carroceria inclina muito em curvas e sofre com golpes de vento ao passar por veículos maiores,o que restringe o seu uso ao perímetro urbano.
Outros fatores que pesam Contra o asiático são as incertezas quanto à durabilidade e ao valor de revenda do carro. Mas isso, só o tempo dirá.

As montadoras cederam os carros para teste

"INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA"
0/xx/11/4239-3092; www.maua.br


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