São Paulo, domingo, 01 de julho de 2007

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Insegurança mata 380 motociclistas por ano em SP

Especialistas apontam falta de instrução para 'violência' ascendente

DA REPORTAGEM LOCAL

Segurança e moto, no Brasil, costumam ser como água e óleo: não se misturam.
A CET-SP (Companhia de Engenharia de Tráfego) divulgou, na semana passada, o balanço de acidentes fatais com motociclistas em 2006 na cidade de São Paulo. Foram 380 mortos ante 345 em 2005. Outros 9.000 ficaram feridos em acidentes com motos.
Afinal, por que morrem tantos motociclistas? Nem mesmo as campanhas de conscientização e as faixas exclusivas para motos nas avenidas Sumaré e Paulo 6º -que recebem 300 motos por hora-, introduzidas em setembro de 2006, impediram o aumento de 10% no número de mortes no trânsito.
José Eugênio Leal, professor de engenharia de transportes da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica), diz que falta fiscalização no trânsito e, principalmente, nas empresas de entregas rápidas com motos.
"A maioria dos acidentes acontece com motoboys, que trabalham muitas horas por dia e sob pressão, e acabam cometendo imprudências."
O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) calcula que haja cerca de 7,5 milhões de motos no Brasil.
"A certificação das boas condições para o uso da moto, como a regulagem do motor e o estado dos pneus são cuidados simples que reduzem acidentes e a poluição do ar", diz Carlos Alberto Ferreira dos Santos, assessor técnico do Ministério do Meio Ambiente e um dos criadores da campanha do Denatran Você e a Moto: uma União Feliz, de setembro de 2006.
De lá para cá, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) criou três resoluções específicas para motociclistas (veja quadro acima).
Para Hertz Antunes, bicampeão brasileiro de motovelocidade e instrutor de pilotagem da Polícia Militar e do Exército, as novas campanhas e resoluções de trânsito ajudam, mas não resolvem.
"O grande problema é a falta de informação sobre o equipamento de segurança adequado. Os motoboys, particularmente, andam com capacetes de tamanho errado e sem afivelá-los. Na queda, ele sai da cabeça, provocando lesões graves."
Antunes também diz que os motociclistas, em geral, são mal formados. "Nos exames dos Detrans [Departamento Estadual de Trânsito], os instrutores proíbem que se use o freio dianteiro. Isso é um absurdo, pois ele é responsável por 70% da força de frenagem da moto."
É um resquício, segundo Antunes, do tempo das Lambrettas e Vespas, que derrapavam ao usar o freio da frente em estradas sem pavimentação.

Airbag
Se o freio ABS (antitravamento) em motos não é novidade no Brasil, mas o airbag é. A Honda acaba de lançar a nova Goldwing, a primeira com a bolsa inflável do mundo.
O equipamento pode não evitar acidentes, mas, segundo a montadora, diminui as lesões em colisões frontais. No Japão, esse tipo de acidente corresponde a 68% do total em motos. Nos EUA, cai para 62% e, na Europa, para 55%. Não há estatísticas desse tipo no Brasil.
Na Gold Wing, o airbag funciona de uma forma semelhante a do carro. Só que os quatro sensores que detectam a desaceleração brusca e acionam a bolsa estão na suspensão dianteira, e não no pára-choque.
Instalado pouco atrás do guidão, há duas alças inferiores que seguram o airbag, que se infla em aproximadamente 0,15s.
O preço do equipamento, porém, ainda é proibitivo para as motos de baixa e média cilindradas. A nova Gold Wing custa R$ 105.529, cerca de 10% a mais que a anterior. Só o airbag encareceu a moto em quase R$ 12 mil, preço equivalente a duas Honda CG 150 Titan zero-quilômetro. (FABIANO SEVERO)


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