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Insegurança mata 380 motociclistas por ano em SP
Especialistas apontam falta de instrução para 'violência' ascendente
DA REPORTAGEM LOCAL
Segurança e moto, no Brasil,
costumam ser como água e
óleo: não se misturam.
A CET-SP (Companhia de
Engenharia de Tráfego) divulgou, na semana passada, o balanço de acidentes fatais com
motociclistas em 2006 na cidade de São Paulo. Foram 380
mortos ante 345 em 2005. Outros 9.000 ficaram feridos em
acidentes com motos.
Afinal, por que morrem tantos motociclistas? Nem mesmo
as campanhas de conscientização e as faixas exclusivas para
motos nas avenidas Sumaré e
Paulo 6º -que recebem 300
motos por hora-, introduzidas
em setembro de 2006, impediram o aumento de 10% no número de mortes no trânsito.
José Eugênio Leal, professor
de engenharia de transportes
da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica), diz que falta
fiscalização no trânsito e, principalmente, nas empresas de
entregas rápidas com motos.
"A maioria dos acidentes
acontece com motoboys, que
trabalham muitas horas por dia
e sob pressão, e acabam cometendo imprudências."
O Denatran (Departamento
Nacional de Trânsito) calcula
que haja cerca de 7,5 milhões de
motos no Brasil.
"A certificação das boas condições para o uso da moto, como a regulagem do motor e o
estado dos pneus são cuidados
simples que reduzem acidentes
e a poluição do ar", diz Carlos
Alberto Ferreira dos Santos, assessor técnico do Ministério do
Meio Ambiente e um dos criadores da campanha do Denatran Você e a Moto: uma União
Feliz, de setembro de 2006.
De lá para cá, o Contran
(Conselho Nacional de Trânsito) criou três resoluções específicas para motociclistas (veja
quadro acima).
Para Hertz Antunes, bicampeão brasileiro de motovelocidade e instrutor de pilotagem
da Polícia Militar e do Exército,
as novas campanhas e resoluções de trânsito ajudam, mas
não resolvem.
"O grande problema é a falta
de informação sobre o equipamento de segurança adequado.
Os motoboys, particularmente,
andam com capacetes de tamanho errado e sem afivelá-los.
Na queda, ele sai da cabeça,
provocando lesões graves."
Antunes também diz que os
motociclistas, em geral, são mal
formados. "Nos exames dos
Detrans [Departamento Estadual de Trânsito], os instrutores proíbem que se use o freio
dianteiro. Isso é um absurdo,
pois ele é responsável por 70%
da força de frenagem da moto."
É um resquício, segundo Antunes, do tempo das Lambrettas e Vespas, que derrapavam
ao usar o freio da frente em estradas sem pavimentação.
Airbag
Se o freio ABS (antitravamento) em motos não é novidade no Brasil, mas o airbag é. A Honda acaba de lançar a nova Goldwing, a primeira com a bolsa inflável do mundo.
O equipamento pode não evitar acidentes, mas, segundo a
montadora, diminui as lesões
em colisões frontais. No Japão,
esse tipo de acidente corresponde a 68% do total em motos.
Nos EUA, cai para 62% e, na
Europa, para 55%. Não há estatísticas desse tipo no Brasil.
Na Gold Wing, o airbag funciona de uma forma semelhante a do carro. Só que os quatro
sensores que detectam a desaceleração brusca e acionam a
bolsa estão na suspensão dianteira, e não no pára-choque.
Instalado pouco atrás do guidão, há duas alças inferiores
que seguram o airbag, que se infla em aproximadamente 0,15s.
O preço do equipamento, porém, ainda é proibitivo para as
motos de baixa e média cilindradas. A nova Gold Wing custa
R$ 105.529, cerca de 10% a mais
que a anterior. Só o airbag encareceu a moto em quase R$ 12
mil, preço equivalente a duas
Honda CG 150 Titan zero-quilômetro.
(FABIANO SEVERO)
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