São Paulo, domingo, 01 de setembro de 2002

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Manutenção dispendiosa nas concessionárias leva 70% dos motoristas a oficinas particulares na segunda revisão

Os olhos da cara

Tuca Vieira/Folha Imagem
Anderson Oliveira pagou R$ 1.125 pela segunda revisão de seu Classe A na autorizada De Nigris


JOSÉ AUGUSTO AMORIM E
ROSANGELA DE MOURA

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Antes de comprar um carro, é comum comparar preços e nível de equipamentos de série. Mas poucos se lembram das revisões periódicas, que podem custar até R$ 1.400. E é o alto preço cobrado pelas concessionárias que leva muitos motoristas às oficinas independentes.
Segundo o Sindirepa (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo) e a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), 90% dos compradores de carro zero-quilômetro fazem a primeira manutenção em uma autorizada. Na segunda, a porcentagem cai para 30%; na terceira, só 10% vão a uma revenda.
"A mão-de-obra na rede de concessionárias custa, em média, R$ 70 por hora. No setor independente, cai para R$ 40", exemplifica Geraldo Santo Mauro, presidente do Sindirepa. Em sua opinião, o proprietário só volta à revenda para não perder a garantia.
A Fenabrave reconhece que dificilmente os motoristas retornam a uma autorizada depois que acaba a garantia de fábrica. "As peças fornecidas pelas montadoras são muito mais caras que as encontradas no mercado", afirma Hugo Maia, presidente da entidade.

Pesquisa

Além disso, há gastos estruturais nas revendas, como consultor técnico, piloto de prova, recepcionista e telefonista. Em oficinas, o próprio mecânico é responsável por várias etapas do processo.
Cientes disso, as autorizadas estão implantando espaços para agilizar o atendimento. "No box expresso, a checagem dura entre 30 minutos e duas horas. O cliente espera e já leva o carro", conta Sergio Antonio Reze, presidente da Assobrav (associação dos revendedores Volkswagen).
Como sabem que o consumidor acha caro, as revendas oferecem uma "minirrevisão". No caso do Volkswagen Gol, pode passar de R$ 800 -se for feito o indicado no manual- para R$ 450. Para o Mercedes-Benz A 160, a diferença pode chegar a R$ 800: R$ 1.400 contra R$ 600, se o motorista não conferir os freios.
Também é preciso pesquisar. A revisão de 10 mil quilômetros do Honda Civic pode ser feita gratuitamente na revenda SP Japan, mas a Daitan cobra R$ 78.
Outra iniciativa é o projeto Peça Genérica, da Fenabrave, que prevê a compra de peças diretamente dos fornecedores. Assim, mais de 4.200 revendas podem oferecer preços mais competitivos e atrair donos de carros com mais de três anos.


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