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peças & acessórios
Ladrões discretos furam portas e driblam insulfilm
Crescem casos de perfuração na lataria para furtos; conserto custa até R$ 350 e pode exigir troca da peça
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para quem observa de longe,
o carro está sendo aberto como
seu dono o faria. E tudo é muito
rápido: um assaltante experiente não leva 10s para furar a
porta a poucos centímetros da
fechadura e abrir o veículo.
Furar a porta do carro foi a
resposta que muitos assaltantes deram ao insulfilm cada vez
mais escuro -e freqüente. Não
sabem o que encontrarão nem
o vidro estilhaça, mas abrem a
porta e aproveitam a escuridão
para passarem incólumes e arrancarem o toca-CDs.
É comum o assaltante usar
uma chave de fenda para furar.
"Essa etapa é a mais demorada.
Depois, com a ponta do objeto,
empurra a trava e abre a porta",
descreve o chaveiro Wilson
Bernardo. Em alguns casos, durante a perfuração, a trava é deformada e se abre.
Desde o ano passado, as funilarias da região metropolitana
de São Paulo têm notado o aumento nas solicitações de reparo em portas furadas.
"No último semestre, atendi
três ou quatro carros por mês
com o furinho na porta. Há
mais de um ano, era um caso
desses por mês, quando muito", avalia o gerente da oficina
Consert Car, Dami Gonçalves.
Porém o procedimento mais
usado por ladrões ainda é entortar a porta para conseguir
abri-la por dentro. Um estudo
da AGF mostra que, nos últimos dois anos, 70% dos casos
de furto de veículos por ela segurados aconteceram por meio
da porta entortada. Outros
30% tiveram a porta furada.
Para a Divecar (Delegacia de
Investigação Sobre Furtos e
Roubos de Veículos e Cargas),
furar a lata é um procedimento
mais discreto que entortar a
porta ou quebrar o vidro. Ao
chamar menos a atenção dos
pedestres, ganha-se tempo para levar o que está no carro.
Segundo um investigador da
Divecar -que pediu para não
ser identificado-, em geral, o
ladrão "já observa o que há no
interior do veículo quando o
motorista sai do carro. Por isso
mesmo os que têm insulfilm
são alvo fácil de furto".
No supermercado
A dona-de-casa Adelaide Felícia Araújo, 59, nem precisou
estacionar num local perigoso
para que furassem a porta de
seu Fiat Palio. Enquanto o crime ocorria, ela fazia compras
em um supermercado em Diadema (Grande São Paulo).
"Levaram o toca-CDs e R$
400 que tinha em dinheiro." A
loja pagou para que arrumasse
a porta, o que Araújo ainda não
fez, mas não indenizou o toca-CDs por falta da nota fiscal.
O estrago feito pela chave de
fenda na porta tem, em média,
entre 5 mm e 7 mm. Para consertá-lo, é preciso desmontar a
forração interna, soldar a carroceria, fazer o acabamento
com lixa e pintar toda a peça.
Isso significa um gasto que fica
entre R$ 250 e R$ 350.
O ideal é levar para a funilaria
assim que possível, evitando
que a área enferruje.
De um modo geral, o custo do
reparo é inferior ao valor da
franquia do seguro do automóvel. Quem acaba arcando com o
conserto é mesmo o motorista.
Mas, se o buraco na lataria
for maior do que a cabeça de
um prego ou se o miolo da chave também tiver sido arrombado, poderá compensar trocar a
porta. Nesses casos, pode valer
a pena pagar a franquia.
"Soldas maiores são mais
suscetíveis à ferrugem, e o risco
de imperfeição no acabamento
é maior", esclarece o gerente da
Funilaria Solemaq, Alex Rocha.
(BRUNA PELLEGRINI)
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