São Paulo, domingo, 02 de março de 2008

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peças & acessórios

Ladrões discretos furam portas e driblam insulfilm

Crescem casos de perfuração na lataria para furtos; conserto custa até R$ 350 e pode exigir troca da peça

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para quem observa de longe, o carro está sendo aberto como seu dono o faria. E tudo é muito rápido: um assaltante experiente não leva 10s para furar a porta a poucos centímetros da fechadura e abrir o veículo.
Furar a porta do carro foi a resposta que muitos assaltantes deram ao insulfilm cada vez mais escuro -e freqüente. Não sabem o que encontrarão nem o vidro estilhaça, mas abrem a porta e aproveitam a escuridão para passarem incólumes e arrancarem o toca-CDs.
É comum o assaltante usar uma chave de fenda para furar. "Essa etapa é a mais demorada. Depois, com a ponta do objeto, empurra a trava e abre a porta", descreve o chaveiro Wilson Bernardo. Em alguns casos, durante a perfuração, a trava é deformada e se abre.
Desde o ano passado, as funilarias da região metropolitana de São Paulo têm notado o aumento nas solicitações de reparo em portas furadas.
"No último semestre, atendi três ou quatro carros por mês com o furinho na porta. Há mais de um ano, era um caso desses por mês, quando muito", avalia o gerente da oficina Consert Car, Dami Gonçalves.
Porém o procedimento mais usado por ladrões ainda é entortar a porta para conseguir abri-la por dentro. Um estudo da AGF mostra que, nos últimos dois anos, 70% dos casos de furto de veículos por ela segurados aconteceram por meio da porta entortada. Outros 30% tiveram a porta furada.
Para a Divecar (Delegacia de Investigação Sobre Furtos e Roubos de Veículos e Cargas), furar a lata é um procedimento mais discreto que entortar a porta ou quebrar o vidro. Ao chamar menos a atenção dos pedestres, ganha-se tempo para levar o que está no carro.
Segundo um investigador da Divecar -que pediu para não ser identificado-, em geral, o ladrão "já observa o que há no interior do veículo quando o motorista sai do carro. Por isso mesmo os que têm insulfilm são alvo fácil de furto".

No supermercado
A dona-de-casa Adelaide Felícia Araújo, 59, nem precisou estacionar num local perigoso para que furassem a porta de seu Fiat Palio. Enquanto o crime ocorria, ela fazia compras em um supermercado em Diadema (Grande São Paulo).
"Levaram o toca-CDs e R$ 400 que tinha em dinheiro." A loja pagou para que arrumasse a porta, o que Araújo ainda não fez, mas não indenizou o toca-CDs por falta da nota fiscal.
O estrago feito pela chave de fenda na porta tem, em média, entre 5 mm e 7 mm. Para consertá-lo, é preciso desmontar a forração interna, soldar a carroceria, fazer o acabamento com lixa e pintar toda a peça. Isso significa um gasto que fica entre R$ 250 e R$ 350.
O ideal é levar para a funilaria assim que possível, evitando que a área enferruje.
De um modo geral, o custo do reparo é inferior ao valor da franquia do seguro do automóvel. Quem acaba arcando com o conserto é mesmo o motorista.
Mas, se o buraco na lataria for maior do que a cabeça de um prego ou se o miolo da chave também tiver sido arrombado, poderá compensar trocar a porta. Nesses casos, pode valer a pena pagar a franquia.
"Soldas maiores são mais suscetíveis à ferrugem, e o risco de imperfeição no acabamento é maior", esclarece o gerente da Funilaria Solemaq, Alex Rocha.
(BRUNA PELLEGRINI)


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