São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2008

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Montadoras "seguram" taxa de juros

Para frear declínio das vendas, encargos ficam em 0,99%, mas aprovação ao crédito está mais difícil

ROSANGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O cenário mudou, o número de prestações caiu, e os juros subiram, mas as montadoras estão com estoques e dispostas a perder parte dos lucros para que o consumidor que se programou para comprar um zero-quilômetro não mude de idéia.
Preocupados com a queda de vendas em outubro -foram emplacados 225 mil carros até o dia 30 ante 244 mil no mesmo mês de 2007 e 268 mil em setembro-, os presidentes das montadoras recorreram ao governo, que sinalizou que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal injetarão dinheiro nos bancos das fábricas.
Num salão dividido entre consumidores conferindo novidades e executivos preocupados, a bandeira empunhada é a de que as fábricas ainda praticam taxas inferiores a 0,99% ao mês, mesmo com a oficial Selic em 1,08%. Segundo a Fiat, os fabricantes estão se adequando às condições do consumidor e criando planos que estão dentro do orçamento de cada um.
O matemático José Dutra Vieira Sobrinho aconselha que o consumidor não comprometa mais de 20% da sua renda com a prestação do carro. "A frase "se Deus quiser vai dar certo" não deve ser aplicada a um financiamento de longo prazo."
Para ele, o motorista tem de lembrar que há gastos de abastecimento e de manutenção, fazendo, muitas vezes, com que o carro consuma 50% do salário.
"Os planos de até 48 parcelas são os mais procurados pela nova classe média, que hoje está em torno de 25 milhões de pessoas. Aproximadamente 40% optam por esse plano", enumera o vice-presidente da General Motors do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto.
No Banco Fiat, a aplicação da taxa de 0,99% inclui entrada de 50% e saldo em 24 vezes. Outra promoção dá desconto de 50% nas seis primeiras parcelas -mas as taxas sobem para 2,29% ao mês.
A GM cobra taxa de 0,99% para Astra, Prisma, Classic e Corsa, com 50% de entrada e saldo em 24 vezes. Para o Vectra GT, a taxa cai para 0,76%.
"O crédito existe, mas os bancos dificultaram a aprovação do financiamento", aponta Antônio Baltar, gerente-geral de marketing da Ford.

Choro
A recomendação é "chorar" para conseguir mais descontos e até promoções em acessórios. É difícil o vendedor não ceder porque ninguém quer perder o potencial cliente.
Para o matemático Vieira Sobrinho, é sempre melhor aumentar o valor da entrada para reduzir as taxas de juros. "Aproveite para tirar vantagens deste momento [econômico] e pesquise no maior número de concessionárias. Opte pela revenda que lhe der a menor prestação", recomenda.
Por fim, ele indica colocar todas as despesas no papel e, se o cliente suportar o valor das parcelas do financiamento, não deverá desistir da compra.

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