São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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Fiat nega que roda do Stilo se solte

Ministério da Justiça analisa 12 casos em que vítimas relatam que ela se desprendeu com o carro andando

Lula Marques/Folha Imagem
Éder Mark Ribeiro de Souza guarda a roda de seu Stilo; Fiat tirou um pedaço para análise

FELIPE NÓBREGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor) analisa 12 possíveis casos em que a roda traseira do Stilo se soltou com o carro em movimento. A Fiat entregou, no último dia 25, sua defesa ao órgão do Ministério da Justiça, o mesmo que ordenou o recall do Volkswagen Fox em junho.
As vítimas contabilizam pelo menos quatro mortes. A maioria dos acidentes aconteceu em trechos rodoviários.
O Ministério da Justiça instaurou, após uma reportagem do jornal "Estado de Minas", um processo administrativo contra a montadora.
Se for comprovado que colocou no mercado veículos que trazem risco à segurança e à saúde do consumidor, sabendo do defeito e sem convocar recall, a montadora poderá ser multada em até R$ 3 milhões. Os prejuízos causados às vítimas também deverão ser recompensados pela fábrica.
Lançado em 2002, o Stilo acumula 74.360 emplacamentos até julho, segundo a Fenabrave (federação das revendas).
Túlio Tonini de Oliveira, 21, de Votuporanga (519 km a noroeste de São Paulo), sofreu um acidente em fevereiro. Sua namorada, de 18 anos, morreu, e ele e mais duas pessoas se feriram gravemente.
"O carro tinha acabado de sair da revisão. A soltura da roda parecia inexplicável, até um conhecido nos relatar sobre os outros casos", conta Ilmeida Helena Tonini de Oliveira, mãe do rapaz. Desde então, ele responde por homicídio culposo (sem intenção de matar).
O técnico em informática Márcio Gomes de Menezes, 40, de Belo Horizonte, diz que, antes do capotamento, viu uma roda passar por seu Stilo. "Levei um susto. Sem apoio, a frente do veículo ergueu. Bati contra uma mureta", descreve. Uma jovem de 18 anos que estava no carro morreu.
Segundo a guia de turismo Carla de Morais Barbosa, 41, de Brasília, uma pessoa testemunhou a roda traseira do carro dela se desprender quando transitava na BR-242, em Seabra (BA), em linha reta, em fevereiro. Pedestres encontraram a roda "a centenas de metros do local do acidente".
"Lembro-me do meu marido, tentando controlar o veículo, gritando: "Segurem-se que vamos capotar!'", narra ela. "Uma das minhas filhas, de 9 anos, sofreu traumatismo craniano." A menina já se recuperou.

Análise
Já o professor Éden Mark Ribeiro de Souza, 34, também do Distrito Federal, conta que, na véspera de Natal, perdeu o controle do seu Stilo na entrada de uma curva na BR-251. "O carro começou a tremer, rodou e capotou. Como seqüela, fiquei sem parte da audição."
A Fiat informa que retirou peças do carro para análise e informou ao cliente, por carta, que o desprendimento da roda fora por "esforço excessivo no eixo traseiro direito". Souza nega que estivesse em alta velocidade ou que carregasse peso excedente aos seus 55 quilos.
Contratado por Barbosa e Souza, o perito João Valentim Bin emitiu um laudo técnico favorável às vítimas. "Nos dois casos, a causa do acidente foi decorrente do desprendimento de uma das rodas traseiras."
O engenheiro tomou como base os boletins de ocorrência e as declarações dos envolvidos e das testemunhas, além da inspeção visual dos veículos.


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