São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

Próximo Texto | Índice

Baile de debutante

Após 15 anos, Fiat relança o motor 1.4 turbinado no esportivo Punto T-Jet, que sofre bastante para acompanhar o velho Uno Turbo na pista de teste

Eduardo Anizelli/Folha Imagem
Uno Turbo (à dir.) é do tempo que esportivo tinha duas portas; aqui, só há Punto com quatro portas

FABIANO SEVERO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS

A história começa na primeira semana de abril de 1994. A Fiat precisava mostrar serviço para alçar voos ousados no Brasil. Aproveitou o dólar a R$ 0,85 para abarrotar sua linha com motores esportivos importados da Itália.
Tinha de tudo: injeções eletrônicas, cabeçotes de motor com 16 válvulas e, claro, turbocompressores. E poucos sabiam o que fazer com isso.
Mandaram trazer de Turim um pequenino motor 1.4 usado no Punto deles. Ninguém dava nada por ele até ver o milagre que uma turbina Garrett e um "intercooler" (resfriador de ar) poderiam fazer.
Pronto. Foi o suficiente para nomear o Uno como o primeiro carro turbinado de série do Brasil. Lembra-se? Era um país que enaltecia o então motor AP 2.0 do Gol GTi, ainda penando para se adequar ao complexo sistema analógico de injeção eletrônica.
A geringonça foi aperfeiçoada para enfim equipar o Uno Turbo. Era um tempo em que os carros se orgulhavam das "novas" invenções, como a injeção, o catalisador, o câmbio automático, o freio ABS (antitravamento)... E estampavam tudo na tampa traseira, numa sopa de letrinhas.

Geração Coca-Cola
Com a injeção, era um tal de MPFI aqui, GLSi acolá. O Uno foi mais direto: apenas "i.e.", de injeção eletrônica, ao lado do escrito "Turbo" em relevo.
Agora, exatamente 15 anos depois, o pequeno notável da Fiat encontra sua geração Coca-Cola: tem pressão, mas se sacudir perde o gás.
Sua graça? Punto T-Jet. O sobrenome é um neologismo para designar um motor turbinado que tem vergonha dos seus 1.368 cm3 de cilindrada. Daí o americanismo: "T-Jet".
Você não verá a Fiat bater no peito e dizer: "Meu novo esportivo é o Punto 1.4 Turbo". Pois deveria. É a prova viva do "downsizing", palavra em inglês para resumir os novos motores pequenos, que, com turbo ou compressor, andam bem e bebem pouco.
"Os turbos estão menores. E é possível monitorar melhor a injeção de combustível", diz o engenheiro Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da Fiat. Ele participou do desenvolvimento do Uno Turbo e do Punto T-Jet.
Curiosidades não faltam. Ferreira conta que, em 1994, o primeiro desafio era colocar tanta coisa num carro tão pequeno. O cofre do motor do Uno até então só havia recebido motores até o 1.6R. Sobrava até lugar para o estepe, uma ideia original do italiano Giorgetto Giugiaro, em 1982.
Com as mangueiras do turbo e o "intercooler", não sobrou espaço sequer para a direção hidráulica e para o evaporador do ar-condicionado.
A direção acabou entrando na marra, mas o ar ficou para o ano seguinte. E o estepe?


A Fiat cedeu o Punto para teste


Próximo Texto: Pequeno, smart fortwo quer dispensa do rodízio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.