São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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HOBBY

Preços baixos dos lava-rápidos, além da falta de tempo livre, levam motorista a procurar outros tipos de diversão

Domingo deixa de ser dia de lavar o carro

Jefferson Coppola/Folha Imagem
O administrador de empresas Jadiel Rodrigues de Almeida, que desistiu de cuidar de seu veículo em casa por conta da falta de tempo e do bom preço dos serviços profissionais


RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A figura do "lavador de carro domingueiro", cunhada pelo proprietário automotivo de outrora que esperava o fim de semana chegar para lavar e polir seu objeto de desejo, está em extinção.
"As pessoas agora deixam o carro no lava-rápido", diz Roberto Wajnsztok de Oliveira, 24, coordenador de marketing do Shoptime, canal de vendas pela TV.
Tanto é que o programa TV Garagem, especializado em produtos para veículos, saiu do ar. "Ele deverá retornar com outro perfil, priorizando o carro como um local de diversão", afirma.
O baque também se faz sentir no mercado de produtos de limpeza automotiva, que perde terreno para os acessórios na era do "tuning" -modificação do carro para melhorar performance e visual. "Ainda há os que gostam de lavar o carro, mas o que está esquentando mesmo o mercado é o "tuning'", afirma André Gandra, 25, gerente de compras da loja de autopeças Mercadocar.
Segundo ele, hoje o faturamento da loja divide-se igualmente entre produtos mecânicos (peças e manutenção) e acessórios -os de som são os campeões de vendas.

Falta de tempo
O que estaria levando o consumidor a essa mudança de hábito? "O preço do lava-rápido está bom, e o nosso tempo, muito curto", responde o administrador de empresas Jadiel Rodrigues de Almeida, 37. Segundo o Sincopetro (sindicato dos postos do Estado de São Paulo), uma lavagem automotiva pode custar entre R$ 7 (simples) e R$ 40 (completa).
"Antigamente, fazia questão de passar o domingo lavando o carro. Hoje, levo ao lava-rápido, e meu domingo rende mais", afirma o sargento da Aeronáutica Antonio Alberto da Cunha, 42, que, apesar de morar em casa, não se encoraja mais a arregaçar as mangas. "Além disso, gosto do jato de cera que aplicam no final."
"Já foi a época de ser escravo do carro", sentencia outro atual adepto da comodidade, o industrial Isaac Nilton Leão, 23. A mudança, em seu caso, foi drástica: seu carro, que tomava de três a quatro banhos por semana -dados pelo dono-, passou a visitar o lava-rápido esporadicamente.
O antigo programa era a diversão de Leão e do representante comercial Paulo de Tarso Santos, 27. "Combinávamos quem compraria a cera e nos encontrávamos para lavar os carros", conta Leão. Hoje, filosofa ele, há muitas opções de diversão disponíveis, e a perspectiva de passar o domingo lavando o carro perdeu o apelo.
Elizabete Sato, diretora da loja de autopeças Voli, diz que ainda existe público para todos os produtos, "mas a tendência é a procura por acessórios aumentar". "Na área de limpeza, fazem sucesso os produtos para uso rápido, como os panos umedecidos lançados pela Autoshine", afirma ela.
Com um preço médio de R$ 8, cada latinha com 30 panos tem uma finalidade: limpa-vidros, limpa-vinil e multiuso. O consumidor usa e joga fora. "As pessoas querem facilidade e praticidade, por isso lançamos os panos", afirma Kazuo Matsui, diretor comercial da Autoshine, que tem uma linha de 38 produtos.
Com o Clean Express, por exemplo, é possível lavar a seco e polir o carro com um só produto. "Ninguém mais pode perder tempo", conclui Matsui.


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