São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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A um clique

Internet vende automóveis "famosos", como os que participaram de programas de TV e da 2ª Guerra Mundial

Marcelo Justo/Folha Imagem
Luiz Cláudio de Almeida e seu CJ3B 1953, que está à venda na internet, meio escolhido para comprar outro, um Ford GPW 1942

FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL

Bastava um clique no mouse, e o anúncio aparecia: "Vendo Chevette 1977 (R$ 150 mil) para colecionador. Não existe nada igual no mundo inteiro. Dá "banho" em Audi e Mercedes".
O tal carro, anunciado no site Mercado Livre com toda a pompa, não é um Chevette qualquer. Foi o primeiro veículo modificado pelo quadro "Lata Velha", do programa "Caldeirão do Huck", em 2005.
O carioca Felipe Borges, 23, o atual proprietário, comprou o Chevette, há um ano, prontinho do verdadeiro vencedor. Agora o está vendendo.
"Um colecionador do Paraná chegou a me oferecer R$ 130 mil. Não vendi e me arrependo até hoje", conta Borges. Um Audi foi oferecido, mas não "chegava aos pés do Chevette".
O "Lata Velha" também deu 15s de fama aos então noivos Ananda Oliveira e Cassiano Godoy. O carro deles ficou conhecido como "Fusca Casamenteiro" por os ter levado ao altar. Meses depois, o Volkswagen era outro no Mercado Livre.
"Não queria anunciá-lo, mas enfrentei problemas financeiros graves", conta Oliveira. Passados o programa, o casamento e a fama, o casal teve a casa assaltada em Rio Claro (175 km a noroeste de São Paulo). Levaram até os interruptores.
"Não quiseram pagar R$ 35 mil no meu Fusquinha. Graças a Deus. Hoje continuo com ele e consegui renegociar a dívida."
A produção do "Caldeirão do Huck" informou que não há contrato para impedir a venda dos carros. O único porém é que não sejam negociados antes de sua aparição na TV.

Viajar é preciso
Os dois casos são verdadeiros, mas poderiam ser anúncios pérfidos entre tantos outros que circulam pela internet.
"Não temos como saber se os anúncios são falsos, mas sempre aconselhamos o comprador a não fazer depósito sem ver o carro, ainda mais se ele for antigo", diz Stelleo Tolda, diretor-presidente do Mercado Livre, site que oferece 1.900 antigos.
Um deles é um jipe militar CJ3B 1953, ex-xodó de Luiz Cláudio de Almeida, 37, de São Paulo. "Ex" porque o jipe "da vez" é um Ford GPW de 1942.
"Ele participou da Segunda Guerra Mundial e foi mandado para cá como uma forma de agradecimento pela participação dos pracinhas brasileiros no combate", conta Almeida. Ele viu o anúncio do jipe na internet e, em seguida, foi a Pelotas (RS) finalizar a compra.
O GPW é tão raro que, na cabeça de cada parafuso tem gravada a letra "F", de Ford. Era um modo de se diferenciar dos jipes da Willys Overland, que não dava conta de atender à demanda do Exército americano.
"É difícil saber quanto vale um carro exclusivo. Nos sites, não há massa crítica para balizá-los", explica José Onofre de Araújo Neto, vice-presidente do Webmotors. "Mas desconfiamos quando os preços estão altos ou baixos demais."
Lá não faltam Corvette Sting Ray 1972 (R$ 129 mil) e Camaro RS conversível (R$ 160 mil). "Nunca compre sem ver o carro, nem que tenha de viajar."


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